terça-feira, 28 de maio de 2019
São sinais sagrados, pelos quais à imitação dos sacramentos, são significados efeitos espirituais, obtidos pela intercessão da Igreja. Pelos sacramentais, os fiéis se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas situações da vida (SC, 60).
O objetivo dos sacramentais é consagrar toda a vida do homem a Deus e também o seu ambiente de vida, para que ele esteja livre dos perigos e voltado sempre para Deus, livrando-os sempre dos pecados.
Os sacramentais são sinais sagrados. São classificados como dois tipos: objetos(medalhas, crucifixos, rosários, escapulários…), e orações: a) bênçãos (alimentos, oficinas, casas, carros, imagens, máquinas, campos, doentes, etc.); b) consagrações (igreja, altar, cálice, Abade, Virgem, criança após o batismo, esposa, esposo,…) e c) exorcismos.
O número dos sacramentais é muito grande; à medida que se diversificam as situações da vida moderna, a Igreja também diversifica e aumenta as suas orações; pois nada é profano na vida do homem. Diz a Sacrossantum Concilium que “quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus” (SC, 61).
É preciso entender que a eficácia santificadora dos sacramentais é diferente dos sacramentos. Ela tem a sua força na oração da Igreja e das disposições da pessoa que recebe ou utiliza o sacramental. Esta eficácia é chamada de “ex opere operantis Ecclesiae”, depende da fé e devoção do ministro e do fiel. No sacramento é diferente, sua eficácia (realização) independe da santidade do ministros e do fiel, pois é ação de Cristo (ex opere operato).
Não se pode exagerar o valor do sacramental, como se fosse um rito mágico ou um amuleto, superstição ou fanatismo. Por outro lado, não se pode desprezar o seu valor, pois o Concílio Vaticano II reafirmou esse valor e também a sua necessidade.
O homem é o lugar-tenente de Deus no mundo, e deve domina-lo pela técnica e pelo trabalho. Os sacramentais o protegem do mal e não o deixa colocar Deus em segundo lugar. O povo gosta dos sacramentais; quando a Igreja não os oferece ao povo, este corre o sério risco de buscar as superstições, amuletos, benzedeiras etc.
O Catecismo da Igreja nos ensina sobre os sacramentais:
§1667 – “A santa mãe Igreja instituiu os sacramentais, que são sinais sagrados pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos pela impetração da Igreja. Pelos sacramentais os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da vida” (SC 60; CDC, cân. 1166).
§1677 – Chamamos de sacramentais os sinais sagrados instituídos pela Igreja, cujo objetivo é preparar os homens para receber o fruto dos sacramentos e santificar as diferentes circunstâncias da vida.
§1678 – Entre os sacramentais, ocupam lugar as bênçãos. Compreendem ao mesmo tempo o louvor a Deus por suas obras e seus dons e a intercessão da Igreja, a fim de que os homens possam fazer uso dos dons de Deus segundo o espírito do Evangelho.
§1679 – Além da liturgia, a vida cristã se nutre de formas variadas de piedade popular, enraizadas em suas diferentes culturas. Velando para esclarecê-las à luz da fé, a Igreja favorece as formas de religiosidade popular que exprimem um instinto evangélico e uma sabedoria humana e que enriquecem a vida cristã.
§1676 – Há necessidade de um discernimento pastoral para sustentar e apoiar a religiosidade popular e, se for o caso, para purificar e retificar o sentido religioso que embasa essas devoções e para fazê-las progredir no conhecimento do mistério de Cristo (cf. CT 54). Sua prática está sujeita ao cuidado e julgamento dos bispos e às normas gerais da Igreja (cf. CT 59).
“A religiosidade do povo, em seu núcleo, é um acervo de valores que responde com sabedoria cristã às grandes incógnitas da existência. A sabedoria popular católica tem uma capacidade de síntese vital; engloba criativamente o divino e o humano, Cristo e Maria, espírito e corpo, comunhão e instituição, pessoa e comunidade, fé e pátria, inteligência e afeto. Esta sabedoria é um humanismo cristão que afirma radicalmente a dignidade de toda pessoa como filho de Deus, estabelece uma fraternidade fundamental, ensina a encontrar a natureza e a compreender o trabalho e proporciona as razões para a alegria e o humor, mesmo em meio de uma vida muito dura. Essa sabedoria é também para o povo um princípio de discernimento, um instinto evangélico pelo qual capta espontaneamente quando se serve na Igreja ao Evangelho e quando ele é esvaziado e asfixiado com outros interesses” (Doc. Puebla, 448; cf. EN, 48).
Texto retirado do livro: “Os Sete Sacramentos” – Prof. Felipe Aquino/ Ed. Cléofas.
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