Conheça a origem do carnaval e entenda sua relação com o catolicismo, assim como a maneira que a Igreja enxerga essa festa.
Quer saber qual é a origem do carnaval e como a Igreja Católica enxerga e nos ensina a nos portar diante da festa? É exatamente isso que será tratado neste texto.
Origem do Carnaval: algumas possibilidades
Em primeiro lugar, quanto à origem do nome, não se tem muito clara a sua procedência.
Neste tópico, nós vamos recorrer quase que de forma exclusiva a Dom Estevão Bettencourt 1, grande defensor da fé católica no Brasil e criador da revista “Pergunte e Responderemos”.
Adeus à carne
Alguns autores explicam este nome a partir dos termos do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; esta derivação indicaria que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal.
Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne: o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo antes da Quaresma, ou seja, ao domingo da Qüinquagésima, o título de “dominica ad carnes levandas”; a expressão haveria sido sucessivamente, carneval ou carnaval”.
Carros alegóricos ou navais?
Um terceiro grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se exibir um préstito em forma de nave dedicada ao deus Dionísio ou Baco, préstito ao qual em latim se dava o nome de currus navalis: donde a forma Carnavale.
As mais antigas notícias de festas semelhantes às que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: as pinturas de certos vasos gregos apresentam figuras mascaradas a desfilar em procissão ao som de música cultuando o deus Dionísio, com suas fantasias e alegorias, são certamente anteriores à era cristã. Mas há influências do mundo todo. O Carnaval é uma festa com influências do mundo todo. Tem características trazidas de egípcios, gregos, babilônicos, hebreus e romanos. O Rei Momo, por exemplo, tem origem Babilônica — uma das origens, na verdade, pois “Momo”, na mitologia grega, era o deus do sarcasmo e do delírio. Diz a tradição Babilônica que um prisioneiro podia “ser rei” por um dado período. Podia comer e vestir-se como o rei e até “usar” suas concubinas. Outra grande referência ao carnaval atual é a Saturnália, uma celebração da Roma Antiga em honra a Saturno, deus romano da agricultura. Na ocasião, todos saíam para dançar nos seus “carros alegóricos” que se assemelhavam aos navios, os currus navalis que já mencionamos.
A Igreja perante o carnaval
A origem do carnaval na liturgia
Aos poucos, as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidades do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Com o estabelecimento do ano litúrgico como conhecemos hoje, a Igreja fez com que o Carnaval passasse a ser uma espécie de despedida da carne (em sentido amplo – da carnalidade, materialidade) antes do período de penitência da Quaresma. Assim, a data do Carnaval passou a ser definitivamente atrelada à da Páscoa, como acontece até hoje.
Bento XVI comenta sobre a origem do carnaval e o novo sentido das máscaras
O papa Bento XVI, ao comentar sobre o carnaval dentro da perspectiva litúrgica 2, recorda que uma tradição pagã da região alemã da Suábia, onde vestiam-se com máscaras em ritos de expulsão do inverno e dos poderes demoníacos, para assegurar que o plantio e a fecundidade da terra não fossem atrapalhados pelo inverno.
Bento XVI faz um paralelo dessa máscara demoníaca com o carnaval na perspectiva cristã. No mundo cristão, ela se converte em uma máscara divertida: a luta contra os demônios se converte em uma alegria prévia à seriedade da quaresma. Mesmo as máscaras que simbolizam deuses tornaram-se agora parte de um espetáculo divertido, expressando uma alegria de quem agora pode dar risada daquela mesma coisa que causava medo. Neste sentido, completa o Papa, no Carnaval se esconde sem dúvida a libertação cristã.
Festa da Sagrada Face
Por fim, na terça-feira de carnaval é celebrada a Festa da Sagrada Face. Como ensina o Padre Paulo Ricardo 3, o Papa João XXIII, em 1959, permitiu exclusivamente ao Brasil a possibilidade de celebrar a Festa da Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo com especial solenidade.
A festa foi instituída pelo Papa Pio XII, em 1958, e teve sua origem a partir das revelações privadas recebidas pela Beata Irmã Maria Pierina de Micheli, a quem Jesus pedia que fosse feita uma reparação pelas ofensas cometidas contra Ele.
Todos Me beijam as chagas, mas ninguém beija o Meu rosto para reparar o beijo de Judas
inspiração interior ouvida pela irmã Pierina.
A devoção à Sagrada Face de Cristo é uma excelente forma de meditar a Paixão, reparar as ofensas cometidas contra Nosso Senhor e ingressar na Quaresma
Essa também é uma devoção muito associada hoje em dia a Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada “Face”.
Inclusive, a santinha compôs a oração “À Santa Face”, que podemos rezar para cultivar esta bela devoção.
“Oh, Face adorável de Jesus, única Beleza que arrebata meu coração! Digna-te imprimir em mim tua divina semelhança, a fim de que não possas olhar a alma de tua pequena esposa sem contemplar-te a ti mesmo.
Teresa da Santa Face 4
Oh, meu Amado! Por amor de ti, aceito não ver, aqui nesta terra, a doçura do teu olhar, não sentir o inexprimível beijo de teus lábios, mas suplico que me abrases em teu Amor, para que ele me consuma rapidamente e me faça logo comparecer diante de ti.“
Reze também a Novena das Rosas de Santa Teresinha!
Referências
- “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” D. Estevão Bettencourt, osb. Nº 5, Ano 1958, Página 213.[↩]
- El resplandor de Dios en nuestro tiempo: Meditaciones sobre el año litúrgico. Bento XVI.[↩]
- A devoção à Sagrada Face de Cristo, Padre Paulo Ricardo.[↩]
- Obras Completas de Santa Teresa, Paulus. Oração 16, “À Santa Face”.[↩]
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