quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Ano da Fé
O livro “comido”
Na pregação para a Casa Pontifícia, tento me orientar, na escolha dos temas, pelas graças ou pelos eventos especiais que a Igreja vive em um determinado momento da sua história. Recentemente tivemos a abertura do ano da fé, o quinquagésimo aniversário do Concílio Vaticano II e o Sínodo sobre a evangelização e a transmissão da fé cristã. Portanto, pensei fazer no Advento uma reflexão sobre cada um destes três eventos.
Começo com o ano da fé. Para não me perder em um tema, a fé, que é grande como o mar, concentro-me em um ponto da carta “Porta Fidei” do Santo Padre, que exorta encarecidamente a fazer do Catecismo da Igreja Católica (que, entre outras coisas, celebra este ano o vigésimo aniversário de publicação) o instrumento privilegiado para viver frutuosamente a graça deste ano. O papa escreve na sua carta:
“O Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de fato, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé” (Bento XVI, Carta apost. “Porta fidei”, nº 11)
Não falarei sobre o conteúdo do CIC, das suas divisões, critérios utilizados; seria como querer explicar a Divina Comédia de Dante Alighieri. O que sim gostaria é de esforça-me para mostrar como fazer que este livro, de um instrumento comum, como um violino bem apoiado sobre um pano de veludo, se transforme num instrumento que soa e faz vibrar os corações. A Paixão segundo Mateus, de Bach, permaneceu por um século uma partitura escrita, conservada em arquivos musicais, até que em 1829 Felix Mendelssohn preparou em Berlim uma execução magistral e a partir daquele dia o mundo soube qual melodia e coro sublimes estavam contidas naquelas páginas, até então mudas.
São realidades diferentes, é verdade, mas algo parecido acontece com cada livro que fala da fé, incluindo o CIC: deve-se passar da partitura para a execução, da página muda para algo vivo que faz vibrar a alma. A visão de Ezequiel da mão estendida segurando um rolo nos ajuda a entender o que é necessário para que isso aconteça:
“Eu olhei e vi uma mão estendida para mim, e nela um livro enrolado. Desenrolou-o diante de mim. Estava escrito na frente e no verso e continha lamentações, gemidos e ais. Ele me disse: “Filho do homem, come o que tens diante de ti! Come este rolo e vai falar à casa de Israel”. Eu abri a boca e ele me fez comer o rolo, dizendo: “Filho do homem, alimenta teu ventre e sacia as entranhas com este rolo que te dou”. Eu o comi, e era doce como mel em minha boca” (Ez 2,9-3,3)
O Sumo Pontífice é a mão que, neste ano, apresenta de novo à Igreja o CIC, dizendo para cada católico: “alimenta teu ventre e sacia as entranhas com este rolo que te dou”. O que significa comer um livro? Não só estudá-lo, analisá-lo, memorizá-lo, mas fazê-lo carne da própria carne e sangue do próprio sangue, “assimilá-lo”, como se faz materialmente com a comida que comemos. Transformá-lo de fé estudada em fé vivida.
Isto não pode ser feito com o volume inteiro do livro, e com todas as pequenas partes contidas nele. Não é possível fazê-lo analiticamente, mas só sinteticamente. Explico-me. É necessário captar o princípio que informa e unifica o todo, enfim o coração palpitante do CIC. E o que é esse coração? Não é um dogma ou uma verdade, uma doutrina ou um princípio ético; é uma pessoa: Jesus Cristo! “Repassando as páginas, – escreve o Santo Padre sobre o CIC, na mesma carta apostólica – descobre-se que o que ali se apresenta não é uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja” (Bento XVI, Carta apost. “Porta fidei”, nº 11).
Se toda a Escritura, como afirma o próprio Jesus, fala dele (cf. Jo 5, 39), se ela está cheia de Cristo e se resume toda nele, poderia ser diferente para o CIC que quer ser uma exposição sistemática da mesma escritura, elaborada pela Tradição, sob a guia do Magistério?
Na primeira parte, dedicada à fé, o CIC lembra o grande princípio de São Tomas de Aquino de que o “ato de fé do crente não para no enunciado, mas chega na realidade” (“Fides non terminatur ad enunciabile sed ad rem”, São Tomas de Aquino, Suma Teológica, II-II, 1,2 ad 2; cit. no CIC n. 170). Bem, qual é a realidade, a “coisa” última da fé? Deus, é claro! Não, porém, um deus qualquer que cada um retrata a seu bel prazer, mas o Deus que se revelou em Cristo, que se “identifica” com ele a ponto de dizer: “Quem me vê, vê o Pai” e “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus, foi quem o deu a conhecer” (Jo 1, 18).
Quando dizemos fé “em Jesus Cristo” não separamos o Novo do Antigo Testamento, não começamos a nova fé com a vinda de Cristo à terra. Se fosse assim, excluiríamos do número dos crentes o mesmo Abraão que chamamos “nosso pai na fé” (cf. Rm 4, 16). Identificando o seu Pai com “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó” (Mt 22, 32) e com o Deus “da lei e dos profetas” (Mt 22, 40), Jesus autenticou a fé judaica, mostrou o caráter profético, afirmando que é dele que estavam falando (cf. Lc 24, 27. 44; Jo 5, 46). É isso que faz que, para os cristãos, a fé judaica seja diferente de qualquer outra fé e é isso que justifica o estatuto especial que tem, depois do Concílio Vaticano II, o diálogo com os judeus com relação ao diálogo com as outras religiões.
Querigma e didaquê
No começo da Igreja a distinção entre querigma e didaquê era clara. O querigma, que Paulo chama também de “o evangelho”, dizia respeito à obra de Deus em Cristo Jesus, o mistério pascal de morte e ressurreição, e consistia em fórmulas breves de fé, como aquela que se deduz do discurso de Pedro no dia de Pentecostes: “Vós o matastes, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou, e o constituiu Senhor” (cf. At 2,23-36), ou também, “Se, pois, com tua boca confessares que Jesus é Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo”(Rm 10,9).
A didaquê, por outro lado, tratava do ensinamento que se tinha depois de ter abraçado a fé, o desenvolvimento e a formação completa do crente. Estavam convencidos (principalmente Paulo) de que a fé, como tal, só florescia na presença do querigma. Este não era um resumo da fé ou uma parte dela, mas a semente que faz crescer todo o resto. Também os 4 Evangelhos foram escritos depois, justamente para explicar o querigma.
Até mesmo a parte mais antiga do credo falava de Cristo, e esclarecia a dupla composição, humana e divina. Um exemplo disso está no versículo da Carta aos Romanos que fala de Cristo “segundo a carne, descendente de Davi, segundo o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, desde a ressurreição dos mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1,3-4). Logo este núcleo original, ou credo cristológico, foi incorporado em um contexto mais amplo, como o segundo artigo do símbolo de fé. Nascem, até mesmo por exigências ligadas ao batismo, os símbolos trinitários que chegaram até nós.
Esse processo é parte do que Newman chama “o desenvolvimento da doutrina cristã”; é um enriquecimento, não um afastamento da fé original. Cabe a nós hoje – em primeiro lugar aos bispos, aos pregadores, aos catequistas – ressaltar o aspecto “a parte” do querigma como momento germinal da fé. Numa obra lírica, para retomar a imagem musical, há o recitativo e o cantado e no cantado estão os “agudos” que agitam o auditório e provocam emoções fortes, às vezes também calafrios. Agora sabemos qual é o agudo de toda catequese.
A nossa situação voltou a ser a mesma que no tempo dos apóstolos. Eles tinham diante de si um mundo pré-cristão para evangelizar; nós temos diante de nós, pelo menos até certo ponto, e em alguns ambientes, um mundo pós-cristão para evangelizar. Devemos voltar para o método deles, trazer à luz “a espada do Espírito”, que é o anúncio, em Espírito e poder, de Cristo morto pelos nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação (cf. Rm 4,25).
O querigma não é apenas o anúncio de alguns fatos ou verdades de fé claramente definidas; é também uma certa atmosfera espiritual que pode ser criada dizendo qualquer coisa, um pano de fundo sobre o qual coloca-se tudo. É responsabilidade do anunciador, por meio da sua fé, permitir ao Espírito Santo criar esta atmosfera.
Então, qual é o sentido do CIC? O mesmo do que era na Igreja apostólica a didaquê: formar a fé, dar-lhe um conteúdo, mostrar-lhe as exigências éticas e práticas, levar a fé a se tornar “operante na caridade” (cf. Gl 5,6). Isso é bem destacado em um parágrafo do mesmo CIC. Depois de ter lembrado o princípio tomista de que “a fé não termina nas fórmulas, mas na realidade”, acrescenta:
“ No entanto, é através das fórmulas da fé que nos aproximamos dessas realidades. As fórmulas permitem-nos exprimir e transmitir a fé, celebrá-la em comunidade, assimilá-la e dela viver cada vez mais” (CIC nº 170).
Por isso a importância do adjetivo “católica” no título do livro. A força de algumas Igrejas não católicas está em colocar tudo no momento inicial, na chegada na fé, na adesão ao querigma e na aceitação de Jesus como Senhor, visto como um”nascer de novo”, ou como “segunda conversão”. Porém, pode tornar-se um limite se nos limitamos a isso e tudo continua a girar em torno disso.
Nós, católicos, temos que aprender algo dessas igrejas, mas temos muito para dar também. Na Igreja Católica tudo isso é o começo, não o fim da vida cristã. Depois daquela decisão, abre-se o caminho para o crescimento e a plenitude da vida cristã e, graças à sua riqueza sacramental, ao magistério, ao exemplo de muitos santos, a Igreja Católica está em uma posição privilegiada para conduzir os fiéis à perfeição da vida de fé. O Papa escreve na carta “Porta Fidei”:
“Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé” (Bento XVI, Carta apost. “Porta fidei”, nº 11).
A unção da fé
Falei do querigma como do “agudo” da catequese. Mas para produzir este agudo não basta levantar o tom da voz, se precisa mais do que isso.
“Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! [esta é, por excelência, a nota aguda!] a não ser no Espírito Santo” (1 Coríntios 12, 3). O evangelista João faz uma aplicação do tema da unção que se mostra especialmente atual neste ano da fé. Escreve:
“Vós recebestes a unção do Santo, e todos vós tendes conhecimento [...] a unção que recebestes de Jesus permanece convosco, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. A sua unção vos ensina tudo, e ela é verdadeira e não mentirosa. Por isso, conforme vos ensinou, permanecei nele” (1 Jo 2, 20.27).
O autor desta unção é o Espírito Santo, como deduzido do fato de que em outros lugares a função de “ensinar todas as coisas” é atribuída ao Paráclito como “Espírito de verdade” (Jo 14, 26). É, como vários Padres escrevem, uma “unção da fé”: “A unção que vem do Santo – escreve Clemente de Alexandria – se realiza na fé”; “A unção é a fé em Cristo”, diz outro escritor da mesma escola (Clemente Al. Adumbrationes in 1 Johannis (PG 9, 737B); Homélies paschales (SCh 36, p.40): textos citados por I. de la Potterie, L’unzione del cristiano con la fede, in Biblica 40, 1959, 12-69).
Em seu comentário, Agostinho faz, a este respeito, uma pergunta para o evangelista. Porque, diz ele, escreveste a tua carta, se aqueles aos quais te dirigias, já tinham recebido a unção que ensina todas as coisas e não tinham necessidade de que alguém lhes instruísse? E aqui está a sua resposta, baseada no tema do mestre interior:
“O som das nossas palavras atinge o ouvido, mas o verdadeiro mestre está dentro [...] falei a todos, mas àqueles aos quais a unção não fala, aqueles que o Espírito não ensina internamente, vão embora sem terem aprendido nada [...]. O mestre é, portanto, interior o mestre que realmente instrui; é Cristo, é a sua inspiração para ensinar”. (S. Agostinho, Commento alla Prima Lettera di Giovanni 3,13 (PL 35, 2004 s), Tradução nossa).
Portanto, a instrução exterior é necessária. Os mestres são necessários. Mas as suas vozes só penetram o coração se adicionada aquela interior do Espírito. “E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem” (At 5,32). Com estas palavras, pronunciadas diante do Sinédrio, o Apóstolo Pedro não só afirma a necessidade do testemunho interior do Espírito, mas também indica qual é a condição para recebê-la: a disponibilidade para obedecer, para submeter-se à Palavra.
É a unção do Espírito que faz passar dos enunciados de fé à sua realidade. Um tema caro ao evangelista João é aquele do crer que é também conhecer: “E nós, que cremos, reconhecemos o amor que Deus tem para conosco” (1 Jo 4,16). “Nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 69). “Conhecer”, neste caso, como no geral em toda a Escritura, não significa o que significa para nós hoje, ou seja, ter a ideia ou o conceito de uma coisa. Significa experimentar, entrar em relação com a coisa ou com a pessoa. (Cf. C.H. Dodd, L’interpretazione del Quarto Vangelo, Brescia, Paideia1974, pp. 195 s.). A afirmação da Virgem: “Não conheço homem”, não queria dizer que não sabia o que era um homem…
Foi um caso de evidente unção da fé aquele que Pascal experimentou na noite do dia 23 de novembro de 1654 e que colocou em breves frases exclamativas em um escrito encontrado depois da morte costurado dentro de sua jaqueta:
“Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, não dos filósofos e dos estudiosos. Certeza. Certeza. Sentimento. Alegria. Paz. Deus de Jesus Cristo [...]. Ele é encontrado somente pelo caminho do Evangelho. [...]. Alegria, alegria. Alegria, lágrimas de alegria. [...] E isso é a vida eterna, que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro e aquele que enviaste: Jesus Cristo”( B. Pascal, Memoriale, ed. Brunschvicg. Tradução nossa).
A unção da fé acontece geralmente quando, em uma palavra de Deus ou em uma afirmação de fé, cai subitamente a iluminação do Espírito Santo, acompanhada normalmente por uma forte emoção. Lembro-me que um ano, na festa de Cristo Rei, escutava na primeira leitura da Missa a profecia de Daniel sobre o Filho do Homem:
” Em imagens noturnas tive esta visão: Entre as nuvens do céu vinha alguém semelhante a um filho do homem. Chegou até perto do ancião, e foi levado à sua presença. Foi-lhe dada a soberania, a glória e a realeza. Todos os povos, nações e línguas hão de servir-lhe. Seu poder é um poder eterno, que nunca lhe será tirado e sua realeza é tal, que jamais será destruída!” (Dn 7,13-14).
Sabe-se que o Novo Testamento viu realizada a profecia de Daniel em Jesus; ele mesmo diante do sinédrio a faz própria (cf. Mt 26, 64); uma frase do texto entrou até mesmo no credo (“cuis regnum non erit finis”). Eu sabia, pelos meus estudos, tudo isso, mas naquele momento era uma outra coisa. Era como se a cena acontecesse ali, diante dos meus olhos. Sim, aquele filho do homem que avançava era ele, Jesus. Todas as dúvidas e explicações alternativas dos estudiosos, que também conhecia, pareciam-me, naquele momento, simples pretextos para não crer. Experimentava, sem saber, a unção da fé.
Em outra ocasião (acho que já compartilhei essa experiência no passado, mas que ajuda a entender) participava da Missa de Meia Noite presidida pelo Papa João Paulo II em São Pedro. Chegou a hora do canto da Kalenda, ou seja, a proclamação solene do nascimento do Salvador, presente no antigo Martirológio e reintroduzida na liturgia do Natal depois do Vaticano II:
“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo…
Treze séculos depois da saída de Israel do Egito…
Na nonagésima quarta Olimpíada…
No ano 752 da fundação de Roma…
No quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto,
Jesus Cristo Deus eterno e Filho do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses nasceu da Virgem Maria em Belém de Judá”.
Quando cheguei nessas últimas palavras senti uma repentina clareza interior, e me lembro que dizia para mim mesmo: “É verdade! Tudo isso que se canta é verdade! Não são só palavras. O eterno entra no tempo. O último evento da série rompeu a série; criou um “antes” e um “depois” irreversíveis; o cálculo do tempo que antes acontecia com relação a diferentes eventos (Olimpíada tal, reino tal), agora acontece com relação a um único evento”: antes dele, depois dele. Uma comoção súbita me atravessou toda a pessoa, enquanto podia somente dizer: “Obrigado, Santíssima Trindade, e obrigado também a vós, Santa Mãe de Deus!”.
A unção do Espírito Santo também produz um efeito, por assim dizer, “colateral” no anunciador: faz que ele experimente a alegria de proclamar Jesus e o seu Evangelho. Transforma a evangelização de tarefa e dever, numa honra e num motivo de orgulho. É a alegria que conhece bem o mensageiro que chega a uma cidade sitiada dizendo que sítio foi tirado. Ou o aralto que na antiguidade corria na frente para levar ao povo o anúncio de uma vitória decisiva obtida no campo do próprio exército. A “boa notícia”, antes mesmo de quem a recebe, faz feliz quem a traz.
A visão de Ezequiel, do rolo comido, realizou-se uma vez na história em sentido também literal e não apenas metafórico. Foi quando o livro das palavras de Deus esteve contido em uma única Palavra, o Verbo. O Pai o levou à Maria; Maria o acolheu, encheu, também fisicamente, as vísceras, e depois o deu ao mundo, o “pronunciou” dando-lhe a luz. Ela é o modelo de todo evangelizador e de todo catequista. Nos ensina a encher-nos de Jesus para dá-lo aos outros. Maria concebeu Jesus “por obra do Espírito Santo” e assim deve ser também com cada anunciador.
O Santo Padre conclui sua carta de convocação do ano da fé com uma referência à Virgem: “Confiamos, escreve, à Mãe de Deus, proclamada “beata” porque “acreditou” (Lc 1, 45), este tempo de graça” (“Porta fidei”, nº 15.). Peçamos a Ela a graça de experimentar, neste ano, muitos momentos de unção da fé. “Virgo fidelis, ora pro nobis”. Virgem fiel, rogai por nós.
Primeira Pregação do Advento 2012 do Padre Raniero Cantalamessa, OFM Cap
Fonte: Zenit.org
sábado, 3 de agosto de 2013
NOTA DA CNBB SOBRE A SANÇÃO DA LEI 12.845/2013
NOTA DA CNBB SOBRE A SANÇÃO DA LEI 12.845/2013
Ao reconhecer a importância e a necessidade da lei que garante o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual (Lei 12.845/2013), sancionada pela Presidente da República, nesta quinta-feira, 1º de agosto de 2013, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB lamenta profundamente que o Artigo 2º e os incisos IV e VII do Artigo 3º da referida lei não tenham sido vetados pela Presidente da República, conforme pedido de várias entidades.
A nova lei foi aprovada pelo Congresso com rápida tramitação, sem o adequado e necessário debate parlamentar e público, como o exige a natureza grave e complexa da matéria. Gerou-se, desta forma, imprecisão terminológica e conceitual em diversos dispositivos do texto, com riscos de má interpretação e implementação, conforme evidenciado por importantes juristas e médicos do Brasil.
A opção da Presidente pelo envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional, para reparar as imprecisões técnicas constantes na nova lei, dá razão ao pedido das entidades.
O Congresso Nacional tem, portanto, a responsabilidade de reparar os equívocos da Lei 12.845/2013 que, dependendo do modo como venha a ser interpretada, entre outras coisas, pode interferir no direito constitucional de objeção de consciência, inclusive no respeito incondicional à vida humana individual já existente e em desenvolvimento no útero materno, facilitando a prática do aborto.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida (SP)
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís (MA)
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário Geral da CNBB
Ao reconhecer a importância e a necessidade da lei que garante o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual (Lei 12.845/2013), sancionada pela Presidente da República, nesta quinta-feira, 1º de agosto de 2013, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB lamenta profundamente que o Artigo 2º e os incisos IV e VII do Artigo 3º da referida lei não tenham sido vetados pela Presidente da República, conforme pedido de várias entidades.
A nova lei foi aprovada pelo Congresso com rápida tramitação, sem o adequado e necessário debate parlamentar e público, como o exige a natureza grave e complexa da matéria. Gerou-se, desta forma, imprecisão terminológica e conceitual em diversos dispositivos do texto, com riscos de má interpretação e implementação, conforme evidenciado por importantes juristas e médicos do Brasil.
A opção da Presidente pelo envio de um projeto de lei ao Congresso Nacional, para reparar as imprecisões técnicas constantes na nova lei, dá razão ao pedido das entidades.
O Congresso Nacional tem, portanto, a responsabilidade de reparar os equívocos da Lei 12.845/2013 que, dependendo do modo como venha a ser interpretada, entre outras coisas, pode interferir no direito constitucional de objeção de consciência, inclusive no respeito incondicional à vida humana individual já existente e em desenvolvimento no útero materno, facilitando a prática do aborto.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida (SP)
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís (MA)
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário Geral da CNBB
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Carismas
Os Carismas do Espírito, concedidos a todos por ocasião do Batismo e intensificados na crisma, também são chamados o Espírito Santo nos capacita com estes dons para servirmos à Igreja de Cristo, através dos irmãos. Os carismas são, portanto dons de poder para o serviço da comunidade cristã.
Algumas condições para recebermos e perseverarmos na vida carismática:
- Simplicidade e pureza de coração
- Assiduidade da meditação da Palavra de Deus
- Vida de oração
- Desejo de servir aos irmãos como Jesus (Lc 22, 27)
- Perseverança à recepção dos dons espirituais (sempre abertos para sermos canais à ação e poder do Espírito em nós).
Nossa colaboração é essencial. Deus não nos quer robôs agindo independentemente de colaboração ou de forma mecânica. Ele respeita a nossa liberdade e consentimento. Se cremos, dizemos sim ao que o Senhor quer realizar em nós. Maria Santíssima é o modelo da total abertura: “Faça-se em mim, segundo a Tua palavra” (Lc 1, 38).
DOM DE LÍNGUAS
O dom de línguas é um dom de oração (pessoal e comunitário), que se seguir imediatamente ao derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (At 2, 1-4). Foi a primeira manifestação do Espírito santo: “Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhe concedia que falassem”.
“Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a (santa) palavra. Os fiéis da circuncisão..., profundamente se admiravam, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos, pois eles os ouviram falar em outras línguas e a glorificar a Deus” (At 10, 6s).
“E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e falavam em línguas estranhas e profetizavam” (At 19, 6s).
Nas passagens acima observamos que o dom de línguas foi a primeira manifestação da efusão do Espírito Santo não só sobre os apóstolos e Maria, como também para todos aqueles que desejam viver uma vida em comunhão com Deus.
O dom de línguas é entendido e experimentado por aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito.
Através do dom de línguas “palavras incompreensíveis que não são minhas, palavras escolhidas e formuladas pelo Espírito Santo, dão a Jesus o louvor que Ele merece, e do qual eu mesmo sou incapaz” (I Cor 14, 9).
Temos dificuldades em aceitar tudo o que não provém da razão. Mas na medida em que cedemos ao dom, e abrimos o coração e a mente, as dificuldades vão desaparecendo.
No entanto, ao orarmos com esses sons ininteligíveis não deixamos de estar conscientes. Sabemos perfeitamente o que estamos fazendo, pois oramos com a nossa língua e com a nossa vontade, por isso somos livres para começar e terminar quando queremos. Oramos naturalmente, da mesma forma que fazemos nossas orações mentais e vocais. A única diferença é que quem realiza todo o trabalho é o Espírito Santo, o autor responsável por tomar nossa oração agradável a Deus, atingindo e penetrando o seu coração.
O ESPÍRITO SANTO SOCORRE A NOSSA DEBILIDADE DE ORAR
Ao começarmos a orar, não sabemos como devemos pedir ou dizer a Deus. Nossa cabeça está tão cheia de preocupações, idéias, afazeres e nosso coração está tão agitado que ficamos “sem assunto diante de Deus”, ou nosso espírito está indisposto diante de Deus, não consegue se entregar inteiramente e então a oração é ineficaz. O Espírito Santo vem em nosso auxílio à nossa fraqueza e intercede por nós com gemidos inefáveis. O próprio Espírito Santo que habita em nós, ora em nós e nos auxilia para orarmos e pedirmos o que necessitamos segundo a vontade de Deus.
Através do dom de línguas, o próprio Deus ora em nós e por nós. É um dom que edifica o homem interiormente. O Espírito refaz o ser de quem ora, ele não se limita a nos ensinar a orar, mas Ele próprio ora em nós, Ele não se limita a nos dizer o que devemos fazer, mas fá-lo conosco. O Espírito não promulga uma lei de oração, mas confere um graça de oração.
O dom de línguas nos leva a descansar nas mãos da divina providência.
Torna o homem interior livre, suas palavras coincidem com o que se passa no mais íntimo do seu coração, ele está inteiramente em Deus e ambos se compreendem e se unem.
São Paulo nos revela que “aquele que ora em línguas não fala aos homens, e sim a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob ação do Espírito Santo” (I Cor 14, 2). Sendo um dom de oração, é um canal aberto para um relacionamento pessoal afetivo com Deus, acontece uma união mais estreita com o Espírito Santo. Abre-se o diálogo do homem com seu criador. Através desta união tão íntima entre filhos e o Pai celeste é manifestada na alma dos filhos um progresso espiritual, um avanço no caminho da santidade.
DOM DE FALAR EM LÍNGUAS:
“Falar em línguas” - significa proclamar uma mensagem de Deus, numa linguagem desconhecida, em nome de Deus para uma assembléia através de línguas estranhas. É semelhante e equivalente à profecia. Todavia é uma fala em voz alta, isoladamente, e sob a unção do Espírito Santo. Quando se “fala em línguas”, um membro do grupo recebe o dom de interpretação de línguas, e comunica a mensagem à assembléia. “Falar em línguas” é um dom transitório, não permanente.
DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS:
Manifesta-se na assembléia reunida em oração e louvor a Deus. É um dom do Espírito à sua Igreja. Não é um dom de tradução, como se alguém traduzisse uma língua convencional. Trata-se de um impulso, de uma unção espiritual para tornar compreensível aos membros da comunidade, a mensagem do Senhor que lhe chega em línguas.
O dom de interpretação das línguas é uma ação de Deus pela qual a pessoa proclama a mensagem de Deus. É semelhante e equivalente à profecia. Vem sempre depois do dom de falar em línguas, que é uma mensagem em línguas.
Devemos pedir este dom de forma freqüente na oração pessoal e comunitária, por ser um dom do Espírito, devemos tê-lo também em abundância, para a edificação da Igreja (I Cor 14,2).
O intérprete, após a mensagem proclamada em línguas, sente-se movido a exprimir em palavras normais, convencionais, inteligíveis por todos, uma mensagem que lhe vem do Senhor, mas endereçada a todos, para a edificação da comunidade reunida. A interpretação em línguas deve ser concisa, interpretando com clareza a mensagem do Senhor.
Quem tem o dom da interpretação percebe com clareza, que as palavras lhe vêm a mente de forma abundante, e deve dizer o que o Senhor lhe inspira. Quanto mais se habitua, mais facilmente identifica o modo de como o Senhor lhe “dita” as palavras. Ele deve falar sempre na 1ª pessoa, como se falasse o próprio Senhor. Jesus não quer que simplesmente se narre a sua mensagem, mas que pronuncie a mensagem em seu próprio nome empregando-se a 1ª pessoa.
DOM DE CIÊNCIAS: (ou palavra de ciência, ou palavra de conhecimento)
O dom de ciência é um dom através do qual o Senhor faz que o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende. Faz que o homem penetre na raiz de cada acontecimento, fato, sentimento ou situação, ou melhor, através do dom de ciências, Deus dá o diagnóstico, a causa de um problema, doença, fato, situação...,etc.
Quando estamos com febre, nos dirigimos a um médico para descobrir a causa da febre. Porque a febre não é a doença, mas um sintoma da doença.
Quando alguém está deprimido, queremos resolver o problema da depressão, aliviando os seus sintomas, porém não conseguimos detectar a causa da depressão. Através do dom de ciências, o Senhor nos revela a causa da depressão, sua raiz, com o objetivo de curar. O Espírito Santo, através deste dom, presta um serviço ao povo de Deus através de nós.
Pelo dom de ciência, Deus ensina ao homem sobre as suas verdades, permite que a sua luz penetre no entendimento do homem. Deus comunica ao homem informações que são impossíveis de se adquirir humanamente ou por conhecimento natural, pela razão.
É um dom de revelação. Revela uma ação que Deus já está fazendo (a cura), ou uma situação ou mentalidade que precisa ser transformada por Deus, sempre com a finalidade de transformação e conversão através do poder e da misericórdia de Deus que cura o corpo e o coração.
Alguns exemplos de “palavra de ciência” no N.T.
- Lc 1,39-45 - Maria comunica o Espírito Santo a Isabel, como sinal do que iria acontecer em Pentecostes sobre toda a Igreja.
- Lc 1,43 - Isabel recebe o conhecimento de um mistério que, humanamente, ela jamais seria capaz de compreender, a encarnação de Jesus.
Aqui a palavra de ci6encia veio acompanhada de um sinal físico: o menino... (Lc 1,44).
- Mt 1,18-25 - vem também através de um sonho, como no caso de José. O Espírito Santo revela a José, em sonho, o mistério da encarnação. José recebe o dom de ciência (a revelação) e através dele vê acontecer, em si próprio, mudança radical de mentalidade e do conhecimento de Deus.
- Jo 4,16-19 - Jesus fala à samaritana sobre os 5 maridos que tivera. Esta palavra de ciência fez a mulher perceber que Jesus era um profeta, abrindo a porta do seu coração para a revelação que ele era o Messias. A samaritana experimentou a misericórdia de Deus aplicada ao pecado de adultério, pois Jesus não a acusou, mas revelou o que sabia. A palavra de ciência teve o poder de levá-la a arrepender-se, ser perdoada e reconhecer que Jesus o Messias, tendo acesso à “água viva” por ele prometida.
- At 5,1-11 - O Espírito Santo, através da palavra de ciência, revela a intenção secreta do coração de Ananias e Safira.
- Mc 5, 25-34 - A cura da hemorroíssa. Jesus usa a palavra de ciência como confirmação da cura pelo poder do Espírito Santo e pela fé.
- Lc 5, 17-26 - A cura do paralítico. Quando Jesus diz: “os teus pecados estão perdoados”, ele sabe por revelação que a necessidade maior do paralítico é ser perdoado de seus pecados que, são a causa de muitos males físicos e espirituais. Para o paralítico eram empecilho para a ação de Deus em sua vida.
- Jo 4, 50 - A cura do filho de um oficial: “Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está bem!”.
A pessoa que recebe o dom de ciência, pode perceber que o Senhor a está tocando através de um sentimento forte, uma certeza interior que nos chega à mente, pode ser: uma palavra, uma cena da vida da pessoa, uma visualização; o Senhor nos mostra o que está curando: uma parte do corpo, um problema emocional, uma cura espiritual, ou aumentando a fé, chamando à conversão... Isso acontece após uma oração em línguas, quando nossa mente está aberta e livre para receber a revelação do Senhor. Geralmente,
este dom é acompanhado pela palavra de sabedoria.
O DOM DA PROFECIA:
Neste dom, Deus fala claramente e de forma simples, mas direta com o homem para edificá-lo, exortá-lo e consolá-lo (I Cor 14,3). Diante da palavra de Deus, da voz divina, devemos nos colocar em atitude de respeito e de obediência.
A profecia acontece depois de um louvor a Deus, em línguas, em cânticos ou em palavras, quando a comunidade se reúne em oração, ou quando um cristão se recolhe na sua oração pessoal. Após este louvor, segue-se um silêncio de escuta a Deus e recebimento da unção, que pode vir através de um senso da presença de Deus, um impulso, um movimento no íntimo do nosso espírito, um formigamento nos dedos, um calor pelo corpo todo, um batimento cardíaco mais forte, ou da forma que o Senhor achar melhor ungir, é então proclamada a mensagem de Deus.
Geralmente, as profecias, são ditas na 1ª ou na 2ª pessoa, pois o Senhor é um Deus pessoal e nos falará diretamente: “Não temas”, “Tu és o meu povo...”, “Meus filhos...”, “Eu sou o Teu Deus...”. Esta mensagem divina é ouvida e guardada em nossos corações.
Depois que a mensagem é proclamada, todos devem estar em atitude de escuta para que o Senhor confirme a profecia (I Cor 14,29), através de moções dadas a outros membros da comunidade. Deus pode se utilizar da própria PALAVRA, de visões, sentimentos ou palavras para confirmar a veracidade da profecia. Esta tem de estar de acordo com a palavra de Deus, com a doutrina da Igreja e dirigidos à glória de Deus e à salvação dos homens.
Aqueles que recebem a confirmação da profecia proclamada, devem se manifestar no meio da assembléia. Quanto mais uma profecia é confirmada, maior é a fé que depositamos nela e maior é a abertura que será dada para a ação do Espírito Santo naquela comunidade.
O Dom da Profecia edifica a assembléia (I Cor. 14,4). Ninguém profetiza sem o consentimento da vontade, que acolhe as palavras de Deus em sua mente; se as pronunciamos por medo, insegurança ou respeito humano, podemos deixar de profetizar. Deus não violenta, não força a mente humana contra nossa vontade, nosso consentimento; serve-se sim, da mente humana e suas faculdades, pedindo apenas que nos deixemos usar por ele: “o espírito dos profetas deve estar-lhes submisso”(I Cor 14,32), contudo deve dar-se com “ dignidade” e ordem (v. 40) e com um critério de julgamento sobre a mesma, pelos demais (v. 29), pois, “Deus não é Deus de confusão, mas de paz (v. 33).
DOM DE SABEDORIA: (ou palavra de sabedoria)
- Dom de sabedoria ? nos revela o diagnóstico, a causa, a raiz do problema (uma situação, um fato).
- Dom de sabedoria ? segue o dom de ciência. Nos revela o tratamento, como agir a partir do que nos foi revelado pelo dom de ciência.
Pela palavra de ciência, Deus revela a raiz de algo que se passa ou que se passou. Pela palavra de sabedoria, Deus nos revela como agir, como por em prática a palavra de ciência, como proceder. Pode se manifestar por meio de uma palavra oral, por uma palavra escrita, por uma visão, por uma sensação, emoção ou sonho.
O Dom de sabedoria é um dom carismático do Espírito Santo, dom gratuito de Deus, que dá a graça ao homem, inspira o homem a saber como deve ser o seu comportamento em cada situação, em cada vez que tem que resolver um fato ou um problema. Inspira o homem como agir e falar inteligentemente situações concretas da sua vida ou da sua comunidade, levando-o a decidir acertadamente e de acordo com a vontade de Deus no dia-a-dia, no matrimônio, no trabalho, na educação dos filhos, nos relacionamentos com os irmãos e na sua vida cristã. É uma orientação de Deus sobre como se viver cristãmente ( Lc 18,18-30). Também nos leva a ensinar ou explicar verdades religiosas.
Portanto, a palavra de sabedoria é uma palavra, atitude ou ação que faz que os acontecimentos passem a decorrer segundo a vontade de Deus, ou ainda, que as pessoas percebam a verdade que antes não conheciam.
Exemplos de palavra de sabedoria nas Escrituras Sagradas.
- I Rs 3,16-28 - A palavra de sabedoria do rei Salomão: “cortai pelo meio o menino vivo e dai a metade a uma e a metade a outra”, fez que a verdadeira mãe renunciasse ao seu filho, pois não queria vê-lo morto e assim foi descoberto a verdade e a justiça.
- Mt 22,15-22 - “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Jesus encontrava-se numa situação embaraçosa, pois se dissesse que pagassem o imposto a César seria tido como traidor dos judeus, se dissesse que não pagassem, seria tido como insuflador do povo contra os romanos. Seria preso em ambos os casos. O poder do Espírito Santo pela palavra de sabedoria, livrou Jesus da prisão e calou a boca do povo.
- Jo 8,1-11 - A mulher adúltera. A lei protegia os que apedrejavam e condenavam a mulher à morte, Jesus pela palavra de sabedoria: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o 1º a lhe atirar uma pedra”. Sentindo-se acusados pela própria consciência, os acusadores foram-se retirando um por um.
A palavra de sabedoria, conduz o procedimento do homem em cada situação. É um dom de orientação. Através dela, descobrimos o plano de Deus para a nossa própria vida, para a vida de uma outra pessoa ou comunidade.
DOM DE CURA:
O Dom de cura foi um dos dons plenamente vivenciados por Jesus durante o seu ministério terreno. Esse dom que foi tão abundantemente em Jesus, na sua vida, na sua missão e na revelação de sua identidade divina, é dom do Espírito santo que recebemos no Batismo e deseja ser manifesto em nossa vida e missão, confirmando com sinais nosso testemunho e pregação.
Para que o dom de cura se manifeste, basta que haja um enfermo e um irmão cheio de compaixão que ore para que ele seja curado. Todos possuem o dom de cura, o problema é que nem todos o fortalecem, pelo pedido constante ao Espírito Santo e pelo exercício de orar pelos enfermos. O fato é que, quanto mais nós pomos ao serviço, mais os carismas se manifestam.
MODALIDADES DO DOM DE CURA:
dom das curas se manifesta de 3 formas. Tomando-se por base as 3 dimensões do homem: corpo, alma e espírito (I Ts 5,23), compreendemos que este mesmo homem pode ser atingido por enfermidades em suas 3 dimensões. Existem os males físicos, os males da alma (interiores) e os males espirituais. Se somos atingidos em nosso corpo por qualquer enfermidade, necessitamos de uma cura física. Se somos atingidos em qualquer área da nossa alma, necessitamos de uma prece para cura interior. Se somos atingidos em nosso espírito, contaminando-nos com falsas doutrinas e afastando-se da sã doutrina da salvação, precisamos de uma oração para cura espiritual ou oração de libertação.
A oração para cura física:
Orar por cura física, supõe clamar o poder do amor misericordioso de Deus sobre todos os tipos de enfermidades, desde uma simples dor de cabeça, até a cura do câncer e da AIDS. Devemos orar em nome de Jesus, tomando por base a passagem de Is 53,1-6. Deus cura pelos méritos de Jesus Cristo e não porque sabemos orar, temos experiências ou somos santos.
Existem algumas medidas bem simples que fazem parte desta oração para cura física:
conhecer a causa da enfermidade, o diagnóstico médico;
a imposição das mãos;
abrir-se aos carismas;
Oração de autoridade - orar em nome de Jesus.
Oração para cura interior:
Na cura interior, atinge-se o coração dolorido do ser humano, tão marcado pelo pecado, pela dor, pelo medo, pelas feridas da vida.
A medicina comprova que um grande número de doenças físicas têm componentes emocionais. Orar pela cura interior, é tirar do caminho esses componentes emocionais, que são prejudiciais , a fim de que o homem seja livre pela ação do Espírito Santo para melhor servir a Deus.
Os psicólogos comparam a mente humana com um “iceberg”. A parte externa do iceberg que aparece sobre a água é 10% e 90% está imersa na água. Comparando com a nossa mente, a parte externa é a nossa mente consciente e a parte submersa é a nossa mente inconsciente.
É em nossa mente inconsciente que estão guardadas as lembranças humanas mais profundas. Aí são armazenados nossos traumas, medos, lembranças, sentimentos reprimidos, etc. Jesus veio para curar os corações doloridos e as lembranças de maneira particular.
A oração para a cura espiritual:
Chamada também de “oração de libertação”. É um processo de orações em nome de Jesus Cristo, que liberta as pessoas cativas em seu espírito, quando são oprimidas por espíritos malignos.
Para orarmos por libertação, basta que conheçamos o problema da pessoa atribulada e saibamos como e por que ela se encontra naquele estado. Ordenar que toda força maligna, retire-se da vida desta pessoa em obediência ao nome de Jesus Cristo, para que ela fique livre para o seu serviço e o seu louvor.
DOM DA FÉ:
O dom carismático da fé, é o poder de Deus que nos move a uma confiança íntima com de que Deus agirá. Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão, a uma firmeza ou a algum outro ato que libera a benção de Deus.
Através do dom carismático da fé, o Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá, de que o poder de Deus irá intervir em alguma situação da vida do homem. Pelo dom carismático da fé, cremos que Deus opera hoje maravilhas em favor do seu povo. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo.
“Se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11,40). É a fé que faz o homem de todos os tempos ver a glória de Deus.
A virgem Maria realiza da maneira mais perfeita à obediência a fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo. Maria não cessou de crer no “cumprimento” da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé.( Cat.149)
É a esta fé de Maria, de Abraão, de Moisés e outras testemunhas da fé que devemos aderir de todo o nosso coração, para que esta mesma fé nos ilumine e nos conduza nos momentos da provação.
DOM DOS MILAGRES:
É o poder de Deus de intervir em determinada situação em relação à natureza, à saúde e à vida. São fenômenos sobrenaturais realizados por Deus, com a finalidade de que os homens conheçam a sua glória, o seu poder e se convertam. Através dos milagres, o homem tem uma experiência concreta do amor de Deus por ele e da sua presença concreta na sua vida, na vida dos seus irmãos e no mundo.
O dom de milagres é a ação do Espírito Santo que, para o bem de alguém, modifica o curso normal da natureza: O milagre é uma intervenção clara, sensível e visível de Deus no discurso “ordinário” ou “normal” dos acontecimentos: curas instantâneas de doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, fenômenos extraordinários da natureza.
Distinguir o milagre da cura: a cura é quando Deus acelera o processo de cura que se poderia conseguir através de meios naturais como uma cirurgia, remédios, repousos, etc. O milagre é quando se trata de uma cura que nenhuma ciência médica poderia realizar e que Deus realiza.
Os milagres são intervenções de Deus, diretamente Dele, na natureza do homem, ou na ordem da criação. Os milagres provam o poder de Deus agindo na vida dos homens, levando-os a uma fé sempre mais crescente.
Alguns milagres no Antigo Testamento:
- Êx 14 - passagem do Mar Vermelho;
- Nm 17,16-26 - episódio da vara de Aarão que floresce;
- Js 3, 14-17 - Josué e seu povo atravessaram o rio Jordão a pé enxuto;
- I Rs 17,16 - multiplicação da farinha e do azeite que havia prometido a Elias.
Alguns milagres no N.T.:
- Lc 13,10 - mulher que vivia encurvada 18 anos;
- Lc 18,35 - cego em Jericó;
- Mt 9,1 - paralítico em Cafarnaum;
- Mt 15, 29-31 - aleijados, coxos, cegos eram curados;
- Jo 2,11 - Bodas de Caná.
Precisamos acreditar neste dom de milagres no coração da Igreja. Por meio dele, poderemos de forma mais convincente, publicar as “maravilhas de Deus” ,hoje e sempre.
DOM DOS DISCERNIMENTOS DOS ESPÍRITOS:
O Dom dos discernimentos dos espíritos é uma graça que provém da presença do Espírito Santo em nós.
Nossa unidade com Ele, nossa intimidade com Ele em oração. Da mesma forma que nos dá palavras de sabedoria, ciência, cura...,etc, dá-nos igualmente o dom do discernimento dos espíritos. Dom espiritual que nos permite discernir, examinar, nas outras pessoas, na comunidade o que é Deus, o que é da natureza ou o que é do maligno.
Este dom permite-nos identificar qual espírito está impulsionando ou está influenciando uma ação, uma situação, um desejo, uma decisão a tomar, algo que nos digam ou ofereçam.
Como todo dom espiritual, ele está em interação com os outros carismas e é necessário para a nossa vida diária, nossa vida de oração e para o nosso apostolado.
Em Gn 3,1-7, Eva não percebeu que quem lhe falava era o maligno, pois não parou para discernir quem lhe falava e se era de Deus; iludida pelo inimigo, acabou por cometer o pecado de origem de toda humanidade.
Deus respeita a nossa liberdade e respeitou a liberdade de Eva em desobedecer-lhe e pecar. Deve ter sido uma imensa dor para Deus assistir Eva sendo enganada.
São João da Cruz nos ensina que nossa alma tem 3 grandes inimigos: o mundo, o demônio e a nossa carne; inimigos a fazerem guerra e dificultarem o caminho que a nossa alma deseja trilhar até Deus. É necessário, portanto, o exercício do dom do discernimento dos espíritos, um dos canais de que Deus se utiliza para nos ajudar a vencer esses grandes inimigos, que tentam nos confundir na busca de conhecer e viver a vontade de Deus.
É preciso orar e ter uma vida de constante louvor e de unidade com a Palavra de Deus e os sacramentos da Igreja. Desta forma, nos tornamos pessoas profundamente unidas e dóceis às moções do Espírito para que não nos deixemos ser ludibriados. Jesus nos ensinou: “vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. Este estado de alerta, confiante na misericórdia de Deus, nos vem do louvor constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, nos vem do louvor constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, da obediência à Igreja, da freqüência aos sacramentos e da amizade com MARIA. Estando sempre alertas, saberemos se algo vem da vontade de Deus, do inimigo, ou da nossa carne.
O Dom do discernimento dos espíritos no N.T.:
- Mt 16,16 - “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Jesus glorificou o Pai, porque Ele discerniu que quem havia revelado a Pedro que Ele era, foi o Pai. Jesus concluiu que a resposta não tinha vindo da humanidade de Pedro, pois “sem a graça”, ninguém podia dizer que Ele era o Messias.
- Mt 16,22 - “Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá”. A falta de fé, o desejo de agradar, o medo, deram entrada a satanás no pensamento e sentimento de Pedro. Jesus discerniu que o que Pedro dissera, vinha do maligno.
- Lc 4,1-13 - Jesus discerniu que as sugestões que lhe vinham na tentação do deserto, não lhe vinham de Deus, nem Dele, mas do maligno para estragar o plano do Pai.
O Espírito Santo unge os batizados com a mesma unção espiritual de Jesus.
Através do batismo todos os homens são regenerados para a vida dos filhos de Deus, unidos a Jesus Cristo e ao seu corpo que é a Igreja e são ungidos pelo Espírito Santo, tornando-se templo espirituais (C. L. 10) "Foi num só Espírito que todos nós fomos batizados a fim de formarmos um só um corpo" (I Cor 12, 13).Portanto todos os batizados vivenciam a "unidade misteriosa com Jesus entre si" (cf. Jo 17, 21), todos somos ramos de uma única videira, Jesus Cristo. Além de desfrutarmos pelo batismo da unidade com O Cristo e com os irmãos, nos tornamos "pedras vivas" edificados sobre Cristo, "Pedra angular", destinada a construção de um edifício espiritual (I Pd 2, 4ss). O Espírito Santo então unge o batizado e com esta unção espiritual e ele pode repetir e assumir para si as palavras de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu; enviou-me para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor" (Lc 4, 18-19), porque a efusão batismal e crismal torna o batizado participante do tríplice múnus sacerdotal, profético e real de Jesus Cristo, enquanto membros da Igreja (C. L. 13s). Isto vem nos certificar que os batizados são configurados em Jesus Cristo (Fil 3, 21) de uma forma total, inclusive em todas as suas atividades (cf. Rm 12, 1s). Jesus mesmo disse: "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crer em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas: porque vou para junto do Pai" (Jo 14, 12).
OS CARISMAS E A VIVÊNCIA DO NOSSO SACERDÓCIO COMUM
Os dons provêm da intercessão que todos devemos praticar em nosso sacerdócio comum recebido no Batismo: "Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens, fez do novo povo um reino e sacerdotes para Deus Pai. Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, para que por todas as obras do homem cristão ofereçam-se sacrifícios espirituais e anunciem os poderes d'Aquele que das trevas o chamou à sua admirável luz. Por isto todos os discípulos de Cristo, perseverando em oração e louvando juntos a Deus, ofereçam-se como hóstia viva, santa, agradável a Deus. Por toda parte dêem testemunho de Cristo. E aos que pedirem dêem a razão da sua esperança da vida eterna" (LG 10).
No exercício dos carismas estamos vivendo a nossa vocação sacerdotal, o nosso chamado de entregarmos as nossas vidas para o serviço do reino de Deus. Um serviço não mais vivido pelas nossas forças humanas debilitadas, mas pela força que brota da união com o sacerdócio de Cristo, que "se entregou por nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação" (Rm 4, 25), o único que "tem por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos os corações habita o Espírito Santo como num templo" (LG 9, 25).
Dotados pelos carismas do Espírito Santo, submetidos a Cristo Jesus, em unidade com a Igreja, somos chamados a fomentar a renovação e o incremento da mesma, como de todos aqueles que estão distantes e a "estabelecer, então, o Reino de Deus, iniciado pelo próprio Deus na terra, a ser estendido mais e mais até que no fim dos tempos seja consumado por Ele próprio, quando aparecer Cristo nossa vida (Col 3, 4) e "a própria criatura será libertada do cativeiro da corrupção para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus" (Rm 8, 21).
Somos chamados a desempenhar o apostolado da "vida nova" (Rm 6, 4) em Cristo Jesus, um apostolado vivido no Espírito Santo e na graça. Um apostolado vivido em comunhão com o Filho de Deus ( I Cor 1, 9), com seus sofrimentos (Fil 3, 10), temos "participação" no Seu sangue e no Seu corpo (I Cor 10, 16). Um apostolado vivido em comunhão com o Espírito Santo ( II Cor 13, 13). O Espírito que nós "participamos", nos alcança os dons espirituais, a caridade e os outros frutos seus, os carismas.
Estes dons aparecem como uma participação na pessoa do Espírito: é uma pessoa divina que se comunica a si própria nos dons espirituais. Ele é intermediário entre Deus e os homens, comunicando-se aos homens, parece identificar-se com os dons que dele emanam e assim penetrar nas realidades deste mundo (O cristão na teologia de São Paulo).
Através dos carismas o mundo vê Deus atuando em seu meio, dando testemunho de Sua presença. Os carismas abrem valas profundas na alma dos homens de vida nova no Espírito Santo.
OS CARISMAS SÃO DOADOS PARA O BEM COMUM:
"Tudo e todas as riquezas derramadas tem como finalidade o bem comum". Assim nos exorta o Catecismo da Igreja Católica, 951s; "Tudo tenham em comum" (At 4, 32). Tudo o que possui o verdadeiro cristão deve considerá-lo como um bem em comum e deve estar disposto a ser diligente para socorrer o necessitado e a miséria do próximo. O cristão é um administrador dos bens do Senhor (Lc. 16, 1-3). Na comunhão da Igreja o Espírito Santo "reparte graças especiais entre os fiéis" para a edificação da Igreja. Pois bem, "a cada um é dado a manifestação do Espírito para proveito comum" (I Cor 12, 7), e ajudar o povo de Deus ao alcançar a santidade.
Os carismas do Espírito Santo, concedidos a todos por ocasião do Batismo e intensificados na Crisma, também são chamados de dons carismáticos ou de dons de serviço. O Espírito Santo nos capacita com estes dons para servirmos à Igreja de Cristo, através dos irmãos. Os carismas são portanto, dons de poder para o serviço da comunidade cristã.
Os carismas manifestam que Jesus está presente e age através dos seu Espírito por meio de nós ( Jo 14, 18-19) e que nos capacita a cumprir o grande mandamento de Jesus: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15). Os carismas são os sinais que acompanham e confirmam a nossa pregação. São sinais visíveis de poder e do amor de Deus.
OS DONS CARISMÁTICOS PROVOCAM UMA DIFERENÇA SIGNIFICATIVA NA EVANGELIZAÇÃO:
A "força do alto" derramada nos corações dos fiéis como cumprimento da promessa do Pai, que se evidencia através dos dons carismáticos, manifestações do poder de Deus, provoca uma diferença significativa entre a ação evangelizadora de um fiel que se deixa conduzir por ela e um fiel que não permite a sua ação. Aquele que evangeliza exercendo os dons carismáticos. incrementa as suas possibilidades humanas. A investidura carismática em comunidade da Igreja, em todo o mundo, tem gerado e sustentado grande número de evangelistas dedicados e eficientes ( Avivar a chama, pág. 16), com novo vigor, com nova capacitação, nova alegria, novo júbilo, nova exaltação, novo louvor, levando em si o poder transformador do Espírito (I Cor 2, 1-5) que toca jovens, crianças, adultos, idosos de todo tipo de formação, de variadas culturas e nacionalidades. Por outro lado, o evangelizador que não tem uma vida plena no Espírito, desenvolve muitas vezes um apostolado frio, racional, sem motivação, sem ânimo. Constatamos que na experiência de uma vida mais plena no Espírito concretiza-se o que a Constituição dogmática Lumen Gentium, relata sobre os carismas: "Não é apenas através dos sacramentos e dos ministérios que o Espírito Santo santifica e conduz o povo de Deus e o arma de virtudes, mas, repartindo seus dons, "a cada um conforme lhe apraz"(I Cor 12,11), distribui entre os fiéis de qualquer classe mesmo graças especiais. Por elas os torna "aptos e prontos" a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja". (LG, 12).
Com isso, não queremos restringir a ação do Espírito Santo, ao contrário, reconhecemos que Ele age tanto no cristão que usa os carismas, na sua vida normal, e na sua evangelização, como também age no cristão que não recebeu nenhum carisma ou desconhece a sua existência. O que constatamos na prática apostólica é que, quando evangelizamos acompanhados dos carismas, colhemos frutos com muito mais abundância.
Hilário di Poitiers (315-367), doutor da Igreja, nos fala que "os carismas, utilizados de modo apropriado, produzem muitos frutos, pois estes dons penetram-nos como chuva suave, e pouco a pouco, produzem frutos abundantes (Tratado sobre os Salmos 64, 15). Este Padre da Igreja está convencido que os carismas fazem diferença, são eficazes na evangelização. Cirilo de Jerusalém, também doutor da Igreja (315-337) tem a opinião que a Igreja de Jerusalém, como todas as outras, situa-se em uma sucessão carismática, uma história do Espírito iniciada com Moisés. Ele diz: "O Espírito é uma nova espécie de água", (Palestras Catequéticas 16, 11). E afirma ainda: "Grande, onipotente e admirável é o Espírito Santo nos carismas". (Palestra Catequética 16, 22). "Eremitas virgens e todos os leigos têm carismas" (P. C. 16, 20).
Cirilo afirma que em Pentecostes os apóstolos "ficaram completamente batizados"(PC 17, 145) "batizados sem faltar nada" (PC 17, 15) "batizados em toda plenitude" (PC 17, 18).
OS CARISMAS SÃO PARA TODOS
A manifestação poderosa do Espírito Santo através dos carismas não acontece somente a pessoas muito "ungidas, especiais, santas, subliminadas e místicas". Isto não é verdadeiro. Se fosse assim, cairíamos no absurdo de dizer que o Espírito Santo só é dado a estas pessoas. Como é o próprio Espírito de Deus que nos faz santos pela vivência dos dons infusos, ou dons de santificação e dos frutos do Espírito, crescendo na virtude e colaborando com sua ação poderosa em nós, essa afirmação seria realmente absurda. Todo batizado é chamado à santidade e ao serviço aos irmãos. Para cumprirmos este chamado de Deus, precisamos dos dons infusos e dos carismas do Espírito que habita em nós, para nos fazer viver conforme a vontade de Deus. Deus nos dá de graça. A nós, cabe colaborar com a graça que Deus nos oferece (Enchei-vos). Deus dá com generosidade os seus dons espirituais assim como todas as suas graças. O Espírito Santo é derramado sobre todo aquele que crer, temer a Deus e buscar ser santo. Os dons do Espírito Santo não são reservados aos perfeitos. Neste tempo privilegiado onde os leigos oram cada vez mais seriamente e cada dia conhecem melhor a Palavra de Deus e buscam vivê-la, temos comprovado que a mística, longe de estar restrita aos mosteiros e conventos, é uma realidade palpável na vida das pessoas simples e com atividades corriqueiras, sem nada de "especial" a não ser o grande amor que tem a Deus.
Porém, faz-se necessário uma união profunda com Cristo (Jo 15, 4s, uma comunhão autêntica, crescer e frutificar mediante uma vida de oração verdadeira, uma vida sacramental intensa e freqüente, uma vida de união com Maria, através do terço; mediante escuta e meditação da Palavra de Deus, a abnegação de si mesmo, o ativo serviço fraterno e o exercício de todas as virtudes.
OS CARISMAS DEVEM ESTAR FUNDAMENTADOS NA CARIDADE.
Nós não podemos separar os carismas do amor, não podemos viver uma vida carismática sem trilharmos o "caminho mais excelente de todos" que é a caridade, o exercício concreto do amor como caminho de santificação e vivência do Evangelho.
São Paulo nos manda "aspirar" aos dons espirituais, mas igualmente "empenhar-nos na busca da caridade" (I Cor 14, 1), isto é, colaborar vivencialmente, concretamente, com a ação do Espírito Santo. A caridade é um "dom por excelência", que dá sentido não só aos outros dons espirituais, mas a toda ação humana, por mais despojada que esta seja. Tudo o que eu fizer ou receber como carismas, "se não fundamentados na caridade, não tem valor" (I Cor 13).
Toda a nossa vivência de apostolado, nasce da caridade. todas as nossas obras apostólicas só terão valor eterno se forem feitas por amor a Deus e na procura da glória divina acima de tudo. Este amor a Deus, inflamado incessantemente pelo Paráclito, leva-nos a com Ele, por Ele e nEle todos os homens, criaturas do seu amor, participando assim das solicitudes e iniciativas divinas pela salvação dos homens. É esta a vontade do Pai: que nos dediquemos inteiramente à Sua glória e ao serviço do próximo (LG. 40). O exercício e desenvolvimento de uma caridade cada vez mais plena e fervorosa é a alma do apostolado.
Assim nos ensina S. João da Cruz: "uma só obra feita com amor intenso é mais eficaz na Igreja, maior fruto obtém do que muitas outras feitas com menor fervor ou tibiamente" (Cântico Espiritual 28, 3).
A vivência concreta de tudo fazer no amor a Deus e ao próximo, não significa que os carismas não são necessários. O que São Paulo quer nos dizer é que os carismas exercidos sem amor não servem de nada. Não basta o amor para edificar a Igreja de Deus, necessita-se também das ferramentas que se usarão com amor. (Los Carismas-Cap I, 9-Pe.Philippe, O.S.B.).
OS CARISMAS DEVEM SER PEDIDOS, MAS PEDIDOS COM FÉ:
Quando compreendemos porque foi necessário Jesus "enviar o Prometido de seu Pai, para que os apóstolos começassem a cumprir a sua missão de pregar a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações" e de serem "testemunhas" vivas de tudo isso, encontraremos motivos de sobra para com muita fé pedir ao Pai estes dons, este revestimento da "força do alto" a fim de cumprirmos fiel e diligentemente o que exige o nosso batismo. Só aqueles que reconhecem o valor dos dons na sua vida cristã e no serviço aos irmãos são impulsionados a pedi-los ao Pai como Jesus mesmo nos ensinou: "Pedi, e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura acha; e ao que bater, se lhe abrirá"(Lc 11, 9-10).
É necessário pedirmos ao Pai que ele nos revista da "força do alto" em sinal da nossa adesão a Ele, em sinal do nosso "sim". É necessário dizer ao Pai, como Jesus e Maria, que aceitamos a missão que Ele nos dá no nosso Batismo, que esquecemos de nós mesmo, da nossa acomodação, dos nossos medos, da nossa incapacidade e olhemos só para Ele, olhemos só para a instauração do seu reino e a salvação das almas. Nesta oração ao Pai, chamamos Seu Espírito Santo e com ele os seus dons, nos abandonamos inteiramente nas Suas mãos, comprometemo-nos inteiramente com Ele na salvação das almas, reconhecendo todo o nosso nada, mas confiando plena e unicamente no seu poder. Sem Ele não poderemos nos afastar da nossa vida medíocre e fechada em nós mesmos.
É necessário pedir ao Pai os carismas, mas pedir com fé, para usá-los também na fé. A fé "move" a manifestação do poder de Deus através de seu Espírito Santo. Na palavra de Deus temos várias narrações que relatam a fé como canal de cura, libertação, ressurreição dos mortos, como dispositivo fundamental para a manifestação do poder de Deus (Mc 5, 25-34; Mt 8, 5-13; Mt 9, 27-29; Mt 14, 21-28).
OS CARISMAS DEVEM SER EXERCIDOS NA HUMILDADE, HARMONIA E ORDEM:
A multiplicação e a abundância com que o Espírito Santo está derramando os carismas nos mostra que são muito importantes para o crescimento da Igreja (Mons. Uribe Jaramillo), portanto não podemos exercê-los irresponsável e indiferentemente, com desprezo, de forma inconseqüente, olhando os nossos próprios interesses, ou dando aos carismas relevo tão singular e único como se fossem bens totais e absolutos sobre os quais não há nada mais excelente e primeiro. A estima aos carismas não pode nos cegar nem arrastar-nos a dar-lhes o lugar que somente corresponde a Jesus e ao Seu Espírito, doador dos carismas, o que nos levaria a cometer exageros e ferir a sua autenticidade. Precisamos ter sempre diante dos olhos a finalidade dos carismas que é a colaboração com Cristo na restauração da obra perfeita de Deus na criação. Se é importante para a Igreja o derramamento dos dons, na mesma medida é importante o bom uso dos carismas.
A humildade e a obediência, como já escrevemos anteriormente, são virtudes fundamentais para uma vida plena no Espírito Santo. Sem a verdadeira humildade, nenhum cristão pode edificar uma santidade sólida e duradoura. Ela é a base sobre a qual se edifica toda a vida cristã que aspira sinceramente a união íntima com Deus (Como usar los carismas - Benigno Juanes - pág. 37). Todos aqueles que são discípulos de Jesus, devem percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, e Jesus é o mestre da humildade. "Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. Por isso Deus O exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes" (Fil 2, 5-11).
Exercer os carismas na humildade é exercê-los sem exibicionismo, sem buscar prestígio, honra, poder. É se fazer humilde como criança, que reconhece sua pequenez.
É também exercê-lo sem auto-suficiência (Mt 18, 3-4) nem individualismo, sabendo que necessitamos da ajuda dos irmãos para confirmar ou discernir a vontade de Deus para o seu povo, reconhecendo que a comunidade é termômetro valioso para comprovar a voz de Deus. É ainda não ter escrúpulos de exercer os carismas, não ter medo de exercê-los, conscientes de que são dons de Deus, que sua manifestação depende única e exclusivamente de Deus, e que somos simples canais de Sua graça.
OS CARISMAS DEVEM SER EXERCIDOS NA OBEDIÊNCIA A CRISTO E ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS:
Outra virtude essencial para a vida cristã e para o exercício dos carismas é a obediência. Devemos vivenciá-la também a exemplo de Cristo "que não veio ao mundo para fazer sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou" (Jo 5, 30b).
A obediência sincera mostra que buscamos a vontade de Deus e desejamos nos deixar conduzir pelo seu Espírito, pois não queremos dirigir por nós mesmos a nossa vida particular, nem muito menos o povo de Deus. Reconhecemos pela obediência, a exemplo de Cristo, que a nossa vontade é vã, comparada com a vontade suprema de Deus. Reconhecemos que a nossa capacidade e experiência humana, por mais ricas que sejam, não se equiparam jamais à riqueza da vontade de Deus. Desconfiamos sempre de obedecer à nossa voz e ao nosso direcionamento por mais bom senso que expressem, porque sentimo-nos infinita e unicamente seguros somente na mão de Deus. Por mais que sua vontade se divorcie da nossa, é a vontade de Deus que deve sempre prevalecer.
A obediência nos leva a um caminho constante de purificação da busca de nós mesmos e nos abre fortemente à ação do Espírito Santo, segundo os seus desígnios. A obediência verdadeira nos leva a uma submissão profunda a Deus através da Sua Igreja e nos torna canais aptos para ser usados poderosamente para o Senhor. "Se obedecerdes os mandamentos que hoje vos prescrevo, se amardes o Senhor, servindo-o de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, derramarei sobre a vossa terra a chuva em seu tempo, a chuva do outono e da primavera e recolherás o trigo, o teu vinho e o teu óleo; darei erva aos teus campos para os teus animais, e te alimentarás até ficares saciado" (Deut. 11, 13-15).
Devemos exercer a obediência responsável, que implica liberdade saudável de expor sinceramente o seu ponto de vista sempre à luz do Senhor, e de estar disposto a acolher o discernimento final das pessoas responsáveis ou as autoridades constituídas pois "a sabedoria que vem de cima, é primeiramente, pura, depois pacífica, condescendente, conciliada, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz" (Tg 3, 17-18).
Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica n. 1269: "Feito membro da Igreja, o batizado já não se pertence a si mesmo ( I Cor 6, 19), mas a Cristo que morreu e ressuscitou por nós ( II Cor 5, 15). Portanto, está chamado a submeter-se aos demais (Ef. 5, 21; I Cor 16, 15-16), a servi-los (Jo 13, 12-15) na comunhão da Igreja, e a ser "obediente e dócil" aos pastores da Igreja (Hb 13, 17) e considerá-los com respeito e afeto (I Ts 5, 12-13). Pelo batismo nos submetemos ao Senhorio de Jesus Cristo, portanto toda a nossa vida cristã possa ser vivida na obediência a Jesus Cristo e às autoridades constituídas por Ele.
Usar os carismas na humildade e obediência, harmonia e ordem, longe está de desencorajar ou impedir os esforços necessários para a abertura confiante e plena à ação do Espírito Santo e à manifestação dos carismas, como o próprio São Paulo nos exorta: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para a edificação da Igreja (I Cor 14, 12).
Resumindo de maneira superficial tudo o que vimos sobre os carismas, podemos dizer que os dons carismáticos são dons gratuitos de Deus, que não dependem dos nossos esforços e méritos pessoais e que são dados a todos os batizados, pelo poder do Espírito Santo, para a edificação do Corpo Místico de Cristo.
Sabemos que o Espírito "sopra onde quer" e "como quer", e que jamais poderemos limitar sua ação. Somos plenamente conscientes que Ele pode ultrapassar os dons relacionados na própria palavra de Deus, pois Ele é uma fonte inesgotável de graças. Ele está sempre atento às necessidades de seu povo, para supri-las da forma mais plena, com intenção de aproximar cada vez mais o homem do seu Criador. No entanto, iremos restringir nossos estudos sobre os dons àqueles que São Paulo relaciona em sua primeira carta aos Coríntios: "Há diversidades de dons, mas um só é o Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A CADA UM É DADA A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA PROVEITO COMUM. A UM É DADO PELO ESPÍRITO UMA PALAVRA DE SABEDORIA, A OUTRO, UMA PALAVRA DE CIÊNCIA, POR ESSE MESMO ESPÍRITO; A OUTRO A FÉ, PELO MESMO ESPÍRITO; A OUTRO, A GRAÇA DE CURAR AS DOENÇAS, NO MESMO ESPÍRITO; A OUTRO, O DOM DE MILAGRES; A OUTRO, A PROFECIA; A OUTRO, O DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS; A OUTRO, POR FIM, A INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS. MAS UM E O MESMO ESPÍRITO DISTRIBUI TODOS ESTES DONS, REPARTINDO A CADA UM COMO LHE APRAZ (I COR 12, 4-11).
Bibliografia:
- Bíblia Ave-Maria
- Estudos Bíblicos Enchei-vos - Comunidade Católica Shalom.
- Carismas - Coleção Paulo Apóstolo
- O despertar dos Carismas.
- Catecismo da Igreja Católica
- Christisfidelis Laice
- Como usar los carismas - Benigno Juanes
- Lumen Gentium.
Comunidade Católica Shalom
- Algumas condições para recebermos e perseverarmos na vida carismática:
- Simplicidade e pureza de coração
- Assiduidade da meditação da Palavra de Deus
- Vida de oração
- Desejo de servir aos irmãos como Jesus (Lc 22, 27)
- Perseverança à recepção dos dons espirituais (sempre abertos para sermos canais à ação e poder do Espírito em nós).
Nossa colaboração é essencial. Deus não nos quer robôs agindo independentemente de colaboração ou de forma mecânica. Ele respeita a nossa liberdade e consentimento. Se cremos, dizemos sim ao que o Senhor quer realizar em nós. Maria Santíssima é o modelo da total abertura: “Faça-se em mim, segundo a Tua palavra” (Lc 1, 38).
DOM DE LÍNGUAS
O dom de línguas é um dom de oração (pessoal e comunitário), que se seguir imediatamente ao derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (At 2, 1-4). Foi a primeira manifestação do Espírito santo: “Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhe concedia que falassem”.
“Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a (santa) palavra. Os fiéis da circuncisão..., profundamente se admiravam, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos, pois eles os ouviram falar em outras línguas e a glorificar a Deus” (At 10, 6s).
“E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e falavam em línguas estranhas e profetizavam” (At 19, 6s).
Nas passagens acima observamos que o dom de línguas foi a primeira manifestação da efusão do Espírito Santo não só sobre os apóstolos e Maria, como também para todos aqueles que desejam viver uma vida em comunhão com Deus.
O dom de línguas é entendido e experimentado por aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito.
Através do dom de línguas “palavras incompreensíveis que não são minhas, palavras escolhidas e formuladas pelo Espírito Santo, dão a Jesus o louvor que Ele merece, e do qual eu mesmo sou incapaz” (I Cor 14, 9).
Temos dificuldades em aceitar tudo o que não provém da razão. Mas na medida em que cedemos ao dom, e abrimos o coração e a mente, as dificuldades vão desaparecendo.
No entanto, ao orarmos com esses sons ininteligíveis não deixamos de estar conscientes. Sabemos perfeitamente o que estamos fazendo, pois oramos com a nossa língua e com a nossa vontade, por isso somos livres para começar e terminar quando queremos. Oramos naturalmente, da mesma forma que fazemos nossas orações mentais e vocais. A única diferença é que quem realiza todo o trabalho é o Espírito Santo, o autor responsável por tomar nossa oração agradável a Deus, atingindo e penetrando o seu coração.
O ESPÍRITO SANTO SOCORRE A NOSSA DEBILIDADE DE ORAR
Ao começarmos a orar, não sabemos como devemos pedir ou dizer a Deus. Nossa cabeça está tão cheia de preocupações, idéias, afazeres e nosso coração está tão agitado que ficamos “sem assunto diante de Deus”, ou nosso espírito está indisposto diante de Deus, não consegue se entregar inteiramente e então a oração é ineficaz. O Espírito Santo vem em nosso auxílio à nossa fraqueza e intercede por nós com gemidos inefáveis. O próprio Espírito Santo que habita em nós, ora em nós e nos auxilia para orarmos e pedirmos o que necessitamos segundo a vontade de Deus.
Através do dom de línguas, o próprio Deus ora em nós e por nós. É um dom que edifica o homem interiormente. O Espírito refaz o ser de quem ora, ele não se limita a nos ensinar a orar, mas Ele próprio ora em nós, Ele não se limita a nos dizer o que devemos fazer, mas fá-lo conosco. O Espírito não promulga uma lei de oração, mas confere um graça de oração.
O dom de línguas nos leva a descansar nas mãos da divina providência.
Torna o homem interior livre, suas palavras coincidem com o que se passa no mais íntimo do seu coração, ele está inteiramente em Deus e ambos se compreendem e se unem.
São Paulo nos revela que “aquele que ora em línguas não fala aos homens, e sim a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob ação do Espírito Santo” (I Cor 14, 2). Sendo um dom de oração, é um canal aberto para um relacionamento pessoal afetivo com Deus, acontece uma união mais estreita com o Espírito Santo. Abre-se o diálogo do homem com seu criador. Através desta união tão íntima entre filhos e o Pai celeste é manifestada na alma dos filhos um progresso espiritual, um avanço no caminho da santidade.
DOM DE FALAR EM LÍNGUAS:
“Falar em línguas” - significa proclamar uma mensagem de Deus, numa linguagem desconhecida, em nome de Deus para uma assembléia através de línguas estranhas. É semelhante e equivalente à profecia. Todavia é uma fala em voz alta, isoladamente, e sob a unção do Espírito Santo. Quando se “fala em línguas”, um membro do grupo recebe o dom de interpretação de línguas, e comunica a mensagem à assembléia. “Falar em línguas” é um dom transitório, não permanente.
DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS:
Manifesta-se na assembléia reunida em oração e louvor a Deus. É um dom do Espírito à sua Igreja. Não é um dom de tradução, como se alguém traduzisse uma língua convencional. Trata-se de um impulso, de uma unção espiritual para tornar compreensível aos membros da comunidade, a mensagem do Senhor que lhe chega em línguas.
O dom de interpretação das línguas é uma ação de Deus pela qual a pessoa proclama a mensagem de Deus. É semelhante e equivalente à profecia. Vem sempre depois do dom de falar em línguas, que é uma mensagem em línguas.
Devemos pedir este dom de forma freqüente na oração pessoal e comunitária, por ser um dom do Espírito, devemos tê-lo também em abundância, para a edificação da Igreja (I Cor 14,2).
O intérprete, após a mensagem proclamada em línguas, sente-se movido a exprimir em palavras normais, convencionais, inteligíveis por todos, uma mensagem que lhe vem do Senhor, mas endereçada a todos, para a edificação da comunidade reunida. A interpretação em línguas deve ser concisa, interpretando com clareza a mensagem do Senhor.
Quem tem o dom da interpretação percebe com clareza, que as palavras lhe vêm a mente de forma abundante, e deve dizer o que o Senhor lhe inspira. Quanto mais se habitua, mais facilmente identifica o modo de como o Senhor lhe “dita” as palavras. Ele deve falar sempre na 1ª pessoa, como se falasse o próprio Senhor. Jesus não quer que simplesmente se narre a sua mensagem, mas que pronuncie a mensagem em seu próprio nome empregando-se a 1ª pessoa.
DOM DE CIÊNCIAS: (ou palavra de ciência, ou palavra de conhecimento)
O dom de ciência é um dom através do qual o Senhor faz que o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende. Faz que o homem penetre na raiz de cada acontecimento, fato, sentimento ou situação, ou melhor, através do dom de ciências, Deus dá o diagnóstico, a causa de um problema, doença, fato, situação...,etc.
Quando estamos com febre, nos dirigimos a um médico para descobrir a causa da febre. Porque a febre não é a doença, mas um sintoma da doença.
Quando alguém está deprimido, queremos resolver o problema da depressão, aliviando os seus sintomas, porém não conseguimos detectar a causa da depressão. Através do dom de ciências, o Senhor nos revela a causa da depressão, sua raiz, com o objetivo de curar. O Espírito Santo, através deste dom, presta um serviço ao povo de Deus através de nós.
Pelo dom de ciência, Deus ensina ao homem sobre as suas verdades, permite que a sua luz penetre no entendimento do homem. Deus comunica ao homem informações que são impossíveis de se adquirir humanamente ou por conhecimento natural, pela razão.
É um dom de revelação. Revela uma ação que Deus já está fazendo (a cura), ou uma situação ou mentalidade que precisa ser transformada por Deus, sempre com a finalidade de transformação e conversão através do poder e da misericórdia de Deus que cura o corpo e o coração.
Alguns exemplos de “palavra de ciência” no N.T.
- Lc 1,39-45 - Maria comunica o Espírito Santo a Isabel, como sinal do que iria acontecer em Pentecostes sobre toda a Igreja.
- Lc 1,43 - Isabel recebe o conhecimento de um mistério que, humanamente, ela jamais seria capaz de compreender, a encarnação de Jesus.
Aqui a palavra de ci6encia veio acompanhada de um sinal físico: o menino... (Lc 1,44).
- Mt 1,18-25 - vem também através de um sonho, como no caso de José. O Espírito Santo revela a José, em sonho, o mistério da encarnação. José recebe o dom de ciência (a revelação) e através dele vê acontecer, em si próprio, mudança radical de mentalidade e do conhecimento de Deus.
- Jo 4,16-19 - Jesus fala à samaritana sobre os 5 maridos que tivera. Esta palavra de ciência fez a mulher perceber que Jesus era um profeta, abrindo a porta do seu coração para a revelação que ele era o Messias. A samaritana experimentou a misericórdia de Deus aplicada ao pecado de adultério, pois Jesus não a acusou, mas revelou o que sabia. A palavra de ciência teve o poder de levá-la a arrepender-se, ser perdoada e reconhecer que Jesus o Messias, tendo acesso à “água viva” por ele prometida.
- At 5,1-11 - O Espírito Santo, através da palavra de ciência, revela a intenção secreta do coração de Ananias e Safira.
- Mc 5, 25-34 - A cura da hemorroíssa. Jesus usa a palavra de ciência como confirmação da cura pelo poder do Espírito Santo e pela fé.
- Lc 5, 17-26 - A cura do paralítico. Quando Jesus diz: “os teus pecados estão perdoados”, ele sabe por revelação que a necessidade maior do paralítico é ser perdoado de seus pecados que, são a causa de muitos males físicos e espirituais. Para o paralítico eram empecilho para a ação de Deus em sua vida.
- Jo 4, 50 - A cura do filho de um oficial: “Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está bem!”.
A pessoa que recebe o dom de ciência, pode perceber que o Senhor a está tocando através de um sentimento forte, uma certeza interior que nos chega à mente, pode ser: uma palavra, uma cena da vida da pessoa, uma visualização; o Senhor nos mostra o que está curando: uma parte do corpo, um problema emocional, uma cura espiritual, ou aumentando a fé, chamando à conversão... Isso acontece após uma oração em línguas, quando nossa mente está aberta e livre para receber a revelação do Senhor. Geralmente,
este dom é acompanhado pela palavra de sabedoria.
O DOM DA PROFECIA:
Neste dom, Deus fala claramente e de forma simples, mas direta com o homem para edificá-lo, exortá-lo e consolá-lo (I Cor 14,3). Diante da palavra de Deus, da voz divina, devemos nos colocar em atitude de respeito e de obediência.
A profecia acontece depois de um louvor a Deus, em línguas, em cânticos ou em palavras, quando a comunidade se reúne em oração, ou quando um cristão se recolhe na sua oração pessoal. Após este louvor, segue-se um silêncio de escuta a Deus e recebimento da unção, que pode vir através de um senso da presença de Deus, um impulso, um movimento no íntimo do nosso espírito, um formigamento nos dedos, um calor pelo corpo todo, um batimento cardíaco mais forte, ou da forma que o Senhor achar melhor ungir, é então proclamada a mensagem de Deus.
Geralmente, as profecias, são ditas na 1ª ou na 2ª pessoa, pois o Senhor é um Deus pessoal e nos falará diretamente: “Não temas”, “Tu és o meu povo...”, “Meus filhos...”, “Eu sou o Teu Deus...”. Esta mensagem divina é ouvida e guardada em nossos corações.
Depois que a mensagem é proclamada, todos devem estar em atitude de escuta para que o Senhor confirme a profecia (I Cor 14,29), através de moções dadas a outros membros da comunidade. Deus pode se utilizar da própria PALAVRA, de visões, sentimentos ou palavras para confirmar a veracidade da profecia. Esta tem de estar de acordo com a palavra de Deus, com a doutrina da Igreja e dirigidos à glória de Deus e à salvação dos homens.
Aqueles que recebem a confirmação da profecia proclamada, devem se manifestar no meio da assembléia. Quanto mais uma profecia é confirmada, maior é a fé que depositamos nela e maior é a abertura que será dada para a ação do Espírito Santo naquela comunidade.
O Dom da Profecia edifica a assembléia (I Cor. 14,4). Ninguém profetiza sem o consentimento da vontade, que acolhe as palavras de Deus em sua mente; se as pronunciamos por medo, insegurança ou respeito humano, podemos deixar de profetizar. Deus não violenta, não força a mente humana contra nossa vontade, nosso consentimento; serve-se sim, da mente humana e suas faculdades, pedindo apenas que nos deixemos usar por ele: “o espírito dos profetas deve estar-lhes submisso”(I Cor 14,32), contudo deve dar-se com “ dignidade” e ordem (v. 40) e com um critério de julgamento sobre a mesma, pelos demais (v. 29), pois, “Deus não é Deus de confusão, mas de paz (v. 33).
DOM DE SABEDORIA: (ou palavra de sabedoria)
- Dom de sabedoria ? nos revela o diagnóstico, a causa, a raiz do problema (uma situação, um fato).
- Dom de sabedoria ? segue o dom de ciência. Nos revela o tratamento, como agir a partir do que nos foi revelado pelo dom de ciência.
Pela palavra de ciência, Deus revela a raiz de algo que se passa ou que se passou. Pela palavra de sabedoria, Deus nos revela como agir, como por em prática a palavra de ciência, como proceder. Pode se manifestar por meio de uma palavra oral, por uma palavra escrita, por uma visão, por uma sensação, emoção ou sonho.
O Dom de sabedoria é um dom carismático do Espírito Santo, dom gratuito de Deus, que dá a graça ao homem, inspira o homem a saber como deve ser o seu comportamento em cada situação, em cada vez que tem que resolver um fato ou um problema. Inspira o homem como agir e falar inteligentemente situações concretas da sua vida ou da sua comunidade, levando-o a decidir acertadamente e de acordo com a vontade de Deus no dia-a-dia, no matrimônio, no trabalho, na educação dos filhos, nos relacionamentos com os irmãos e na sua vida cristã. É uma orientação de Deus sobre como se viver cristãmente ( Lc 18,18-30). Também nos leva a ensinar ou explicar verdades religiosas.
Portanto, a palavra de sabedoria é uma palavra, atitude ou ação que faz que os acontecimentos passem a decorrer segundo a vontade de Deus, ou ainda, que as pessoas percebam a verdade que antes não conheciam.
Exemplos de palavra de sabedoria nas Escrituras Sagradas.
- I Rs 3,16-28 - A palavra de sabedoria do rei Salomão: “cortai pelo meio o menino vivo e dai a metade a uma e a metade a outra”, fez que a verdadeira mãe renunciasse ao seu filho, pois não queria vê-lo morto e assim foi descoberto a verdade e a justiça.
- Mt 22,15-22 - “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Jesus encontrava-se numa situação embaraçosa, pois se dissesse que pagassem o imposto a César seria tido como traidor dos judeus, se dissesse que não pagassem, seria tido como insuflador do povo contra os romanos. Seria preso em ambos os casos. O poder do Espírito Santo pela palavra de sabedoria, livrou Jesus da prisão e calou a boca do povo.
- Jo 8,1-11 - A mulher adúltera. A lei protegia os que apedrejavam e condenavam a mulher à morte, Jesus pela palavra de sabedoria: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o 1º a lhe atirar uma pedra”. Sentindo-se acusados pela própria consciência, os acusadores foram-se retirando um por um.
A palavra de sabedoria, conduz o procedimento do homem em cada situação. É um dom de orientação. Através dela, descobrimos o plano de Deus para a nossa própria vida, para a vida de uma outra pessoa ou comunidade.
DOM DE CURA:
O Dom de cura foi um dos dons plenamente vivenciados por Jesus durante o seu ministério terreno. Esse dom que foi tão abundantemente em Jesus, na sua vida, na sua missão e na revelação de sua identidade divina, é dom do Espírito santo que recebemos no Batismo e deseja ser manifesto em nossa vida e missão, confirmando com sinais nosso testemunho e pregação.
Para que o dom de cura se manifeste, basta que haja um enfermo e um irmão cheio de compaixão que ore para que ele seja curado. Todos possuem o dom de cura, o problema é que nem todos o fortalecem, pelo pedido constante ao Espírito Santo e pelo exercício de orar pelos enfermos. O fato é que, quanto mais nós pomos ao serviço, mais os carismas se manifestam.
MODALIDADES DO DOM DE CURA:
dom das curas se manifesta de 3 formas. Tomando-se por base as 3 dimensões do homem: corpo, alma e espírito (I Ts 5,23), compreendemos que este mesmo homem pode ser atingido por enfermidades em suas 3 dimensões. Existem os males físicos, os males da alma (interiores) e os males espirituais. Se somos atingidos em nosso corpo por qualquer enfermidade, necessitamos de uma cura física. Se somos atingidos em qualquer área da nossa alma, necessitamos de uma prece para cura interior. Se somos atingidos em nosso espírito, contaminando-nos com falsas doutrinas e afastando-se da sã doutrina da salvação, precisamos de uma oração para cura espiritual ou oração de libertação.
A oração para cura física:
Orar por cura física, supõe clamar o poder do amor misericordioso de Deus sobre todos os tipos de enfermidades, desde uma simples dor de cabeça, até a cura do câncer e da AIDS. Devemos orar em nome de Jesus, tomando por base a passagem de Is 53,1-6. Deus cura pelos méritos de Jesus Cristo e não porque sabemos orar, temos experiências ou somos santos.
Existem algumas medidas bem simples que fazem parte desta oração para cura física:
conhecer a causa da enfermidade, o diagnóstico médico;
a imposição das mãos;
abrir-se aos carismas;
Oração de autoridade - orar em nome de Jesus.
Oração para cura interior:
Na cura interior, atinge-se o coração dolorido do ser humano, tão marcado pelo pecado, pela dor, pelo medo, pelas feridas da vida.
A medicina comprova que um grande número de doenças físicas têm componentes emocionais. Orar pela cura interior, é tirar do caminho esses componentes emocionais, que são prejudiciais , a fim de que o homem seja livre pela ação do Espírito Santo para melhor servir a Deus.
Os psicólogos comparam a mente humana com um “iceberg”. A parte externa do iceberg que aparece sobre a água é 10% e 90% está imersa na água. Comparando com a nossa mente, a parte externa é a nossa mente consciente e a parte submersa é a nossa mente inconsciente.
É em nossa mente inconsciente que estão guardadas as lembranças humanas mais profundas. Aí são armazenados nossos traumas, medos, lembranças, sentimentos reprimidos, etc. Jesus veio para curar os corações doloridos e as lembranças de maneira particular.
A oração para a cura espiritual:
Chamada também de “oração de libertação”. É um processo de orações em nome de Jesus Cristo, que liberta as pessoas cativas em seu espírito, quando são oprimidas por espíritos malignos.
Para orarmos por libertação, basta que conheçamos o problema da pessoa atribulada e saibamos como e por que ela se encontra naquele estado. Ordenar que toda força maligna, retire-se da vida desta pessoa em obediência ao nome de Jesus Cristo, para que ela fique livre para o seu serviço e o seu louvor.
DOM DA FÉ:
O dom carismático da fé, é o poder de Deus que nos move a uma confiança íntima com de que Deus agirá. Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão, a uma firmeza ou a algum outro ato que libera a benção de Deus.
Através do dom carismático da fé, o Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá, de que o poder de Deus irá intervir em alguma situação da vida do homem. Pelo dom carismático da fé, cremos que Deus opera hoje maravilhas em favor do seu povo. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo.
“Se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11,40). É a fé que faz o homem de todos os tempos ver a glória de Deus.
A virgem Maria realiza da maneira mais perfeita à obediência a fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo. Maria não cessou de crer no “cumprimento” da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé.( Cat.149)
É a esta fé de Maria, de Abraão, de Moisés e outras testemunhas da fé que devemos aderir de todo o nosso coração, para que esta mesma fé nos ilumine e nos conduza nos momentos da provação.
DOM DOS MILAGRES:
É o poder de Deus de intervir em determinada situação em relação à natureza, à saúde e à vida. São fenômenos sobrenaturais realizados por Deus, com a finalidade de que os homens conheçam a sua glória, o seu poder e se convertam. Através dos milagres, o homem tem uma experiência concreta do amor de Deus por ele e da sua presença concreta na sua vida, na vida dos seus irmãos e no mundo.
O dom de milagres é a ação do Espírito Santo que, para o bem de alguém, modifica o curso normal da natureza: O milagre é uma intervenção clara, sensível e visível de Deus no discurso “ordinário” ou “normal” dos acontecimentos: curas instantâneas de doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, fenômenos extraordinários da natureza.
Distinguir o milagre da cura: a cura é quando Deus acelera o processo de cura que se poderia conseguir através de meios naturais como uma cirurgia, remédios, repousos, etc. O milagre é quando se trata de uma cura que nenhuma ciência médica poderia realizar e que Deus realiza.
Os milagres são intervenções de Deus, diretamente Dele, na natureza do homem, ou na ordem da criação. Os milagres provam o poder de Deus agindo na vida dos homens, levando-os a uma fé sempre mais crescente.
Alguns milagres no Antigo Testamento:
- Êx 14 - passagem do Mar Vermelho;
- Nm 17,16-26 - episódio da vara de Aarão que floresce;
- Js 3, 14-17 - Josué e seu povo atravessaram o rio Jordão a pé enxuto;
- I Rs 17,16 - multiplicação da farinha e do azeite que havia prometido a Elias.
Alguns milagres no N.T.:
- Lc 13,10 - mulher que vivia encurvada 18 anos;
- Lc 18,35 - cego em Jericó;
- Mt 9,1 - paralítico em Cafarnaum;
- Mt 15, 29-31 - aleijados, coxos, cegos eram curados;
- Jo 2,11 - Bodas de Caná.
Precisamos acreditar neste dom de milagres no coração da Igreja. Por meio dele, poderemos de forma mais convincente, publicar as “maravilhas de Deus” ,hoje e sempre.
DOM DOS DISCERNIMENTOS DOS ESPÍRITOS:
O Dom dos discernimentos dos espíritos é uma graça que provém da presença do Espírito Santo em nós.
Nossa unidade com Ele, nossa intimidade com Ele em oração. Da mesma forma que nos dá palavras de sabedoria, ciência, cura...,etc, dá-nos igualmente o dom do discernimento dos espíritos. Dom espiritual que nos permite discernir, examinar, nas outras pessoas, na comunidade o que é Deus, o que é da natureza ou o que é do maligno.
Este dom permite-nos identificar qual espírito está impulsionando ou está influenciando uma ação, uma situação, um desejo, uma decisão a tomar, algo que nos digam ou ofereçam.
Como todo dom espiritual, ele está em interação com os outros carismas e é necessário para a nossa vida diária, nossa vida de oração e para o nosso apostolado.
Em Gn 3,1-7, Eva não percebeu que quem lhe falava era o maligno, pois não parou para discernir quem lhe falava e se era de Deus; iludida pelo inimigo, acabou por cometer o pecado de origem de toda humanidade.
Deus respeita a nossa liberdade e respeitou a liberdade de Eva em desobedecer-lhe e pecar. Deve ter sido uma imensa dor para Deus assistir Eva sendo enganada.
São João da Cruz nos ensina que nossa alma tem 3 grandes inimigos: o mundo, o demônio e a nossa carne; inimigos a fazerem guerra e dificultarem o caminho que a nossa alma deseja trilhar até Deus. É necessário, portanto, o exercício do dom do discernimento dos espíritos, um dos canais de que Deus se utiliza para nos ajudar a vencer esses grandes inimigos, que tentam nos confundir na busca de conhecer e viver a vontade de Deus.
É preciso orar e ter uma vida de constante louvor e de unidade com a Palavra de Deus e os sacramentos da Igreja. Desta forma, nos tornamos pessoas profundamente unidas e dóceis às moções do Espírito para que não nos deixemos ser ludibriados. Jesus nos ensinou: “vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. Este estado de alerta, confiante na misericórdia de Deus, nos vem do louvor constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, nos vem do louvor constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, da obediência à Igreja, da freqüência aos sacramentos e da amizade com MARIA. Estando sempre alertas, saberemos se algo vem da vontade de Deus, do inimigo, ou da nossa carne.
O Dom do discernimento dos espíritos no N.T.:
- Mt 16,16 - “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Jesus glorificou o Pai, porque Ele discerniu que quem havia revelado a Pedro que Ele era, foi o Pai. Jesus concluiu que a resposta não tinha vindo da humanidade de Pedro, pois “sem a graça”, ninguém podia dizer que Ele era o Messias.
- Mt 16,22 - “Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá”. A falta de fé, o desejo de agradar, o medo, deram entrada a satanás no pensamento e sentimento de Pedro. Jesus discerniu que o que Pedro dissera, vinha do maligno.
- Lc 4,1-13 - Jesus discerniu que as sugestões que lhe vinham na tentação do deserto, não lhe vinham de Deus, nem Dele, mas do maligno para estragar o plano do Pai.
O Espírito Santo unge os batizados com a mesma unção espiritual de Jesus.
Através do batismo todos os homens são regenerados para a vida dos filhos de Deus, unidos a Jesus Cristo e ao seu corpo que é a Igreja e são ungidos pelo Espírito Santo, tornando-se templo espirituais (C. L. 10) "Foi num só Espírito que todos nós fomos batizados a fim de formarmos um só um corpo" (I Cor 12, 13).Portanto todos os batizados vivenciam a "unidade misteriosa com Jesus entre si" (cf. Jo 17, 21), todos somos ramos de uma única videira, Jesus Cristo. Além de desfrutarmos pelo batismo da unidade com O Cristo e com os irmãos, nos tornamos "pedras vivas" edificados sobre Cristo, "Pedra angular", destinada a construção de um edifício espiritual (I Pd 2, 4ss). O Espírito Santo então unge o batizado e com esta unção espiritual e ele pode repetir e assumir para si as palavras de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu; enviou-me para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor" (Lc 4, 18-19), porque a efusão batismal e crismal torna o batizado participante do tríplice múnus sacerdotal, profético e real de Jesus Cristo, enquanto membros da Igreja (C. L. 13s). Isto vem nos certificar que os batizados são configurados em Jesus Cristo (Fil 3, 21) de uma forma total, inclusive em todas as suas atividades (cf. Rm 12, 1s). Jesus mesmo disse: "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crer em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas: porque vou para junto do Pai" (Jo 14, 12).
OS CARISMAS E A VIVÊNCIA DO NOSSO SACERDÓCIO COMUM
Os dons provêm da intercessão que todos devemos praticar em nosso sacerdócio comum recebido no Batismo: "Cristo Senhor, Pontífice tomado dentre os homens, fez do novo povo um reino e sacerdotes para Deus Pai. Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, para que por todas as obras do homem cristão ofereçam-se sacrifícios espirituais e anunciem os poderes d'Aquele que das trevas o chamou à sua admirável luz. Por isto todos os discípulos de Cristo, perseverando em oração e louvando juntos a Deus, ofereçam-se como hóstia viva, santa, agradável a Deus. Por toda parte dêem testemunho de Cristo. E aos que pedirem dêem a razão da sua esperança da vida eterna" (LG 10).
No exercício dos carismas estamos vivendo a nossa vocação sacerdotal, o nosso chamado de entregarmos as nossas vidas para o serviço do reino de Deus. Um serviço não mais vivido pelas nossas forças humanas debilitadas, mas pela força que brota da união com o sacerdócio de Cristo, que "se entregou por nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação" (Rm 4, 25), o único que "tem por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos os corações habita o Espírito Santo como num templo" (LG 9, 25).
Dotados pelos carismas do Espírito Santo, submetidos a Cristo Jesus, em unidade com a Igreja, somos chamados a fomentar a renovação e o incremento da mesma, como de todos aqueles que estão distantes e a "estabelecer, então, o Reino de Deus, iniciado pelo próprio Deus na terra, a ser estendido mais e mais até que no fim dos tempos seja consumado por Ele próprio, quando aparecer Cristo nossa vida (Col 3, 4) e "a própria criatura será libertada do cativeiro da corrupção para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus" (Rm 8, 21).
Somos chamados a desempenhar o apostolado da "vida nova" (Rm 6, 4) em Cristo Jesus, um apostolado vivido no Espírito Santo e na graça. Um apostolado vivido em comunhão com o Filho de Deus ( I Cor 1, 9), com seus sofrimentos (Fil 3, 10), temos "participação" no Seu sangue e no Seu corpo (I Cor 10, 16). Um apostolado vivido em comunhão com o Espírito Santo ( II Cor 13, 13). O Espírito que nós "participamos", nos alcança os dons espirituais, a caridade e os outros frutos seus, os carismas.
Estes dons aparecem como uma participação na pessoa do Espírito: é uma pessoa divina que se comunica a si própria nos dons espirituais. Ele é intermediário entre Deus e os homens, comunicando-se aos homens, parece identificar-se com os dons que dele emanam e assim penetrar nas realidades deste mundo (O cristão na teologia de São Paulo).
Através dos carismas o mundo vê Deus atuando em seu meio, dando testemunho de Sua presença. Os carismas abrem valas profundas na alma dos homens de vida nova no Espírito Santo.
OS CARISMAS SÃO DOADOS PARA O BEM COMUM:
"Tudo e todas as riquezas derramadas tem como finalidade o bem comum". Assim nos exorta o Catecismo da Igreja Católica, 951s; "Tudo tenham em comum" (At 4, 32). Tudo o que possui o verdadeiro cristão deve considerá-lo como um bem em comum e deve estar disposto a ser diligente para socorrer o necessitado e a miséria do próximo. O cristão é um administrador dos bens do Senhor (Lc. 16, 1-3). Na comunhão da Igreja o Espírito Santo "reparte graças especiais entre os fiéis" para a edificação da Igreja. Pois bem, "a cada um é dado a manifestação do Espírito para proveito comum" (I Cor 12, 7), e ajudar o povo de Deus ao alcançar a santidade.
Os carismas do Espírito Santo, concedidos a todos por ocasião do Batismo e intensificados na Crisma, também são chamados de dons carismáticos ou de dons de serviço. O Espírito Santo nos capacita com estes dons para servirmos à Igreja de Cristo, através dos irmãos. Os carismas são portanto, dons de poder para o serviço da comunidade cristã.
Os carismas manifestam que Jesus está presente e age através dos seu Espírito por meio de nós ( Jo 14, 18-19) e que nos capacita a cumprir o grande mandamento de Jesus: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15). Os carismas são os sinais que acompanham e confirmam a nossa pregação. São sinais visíveis de poder e do amor de Deus.
OS DONS CARISMÁTICOS PROVOCAM UMA DIFERENÇA SIGNIFICATIVA NA EVANGELIZAÇÃO:
A "força do alto" derramada nos corações dos fiéis como cumprimento da promessa do Pai, que se evidencia através dos dons carismáticos, manifestações do poder de Deus, provoca uma diferença significativa entre a ação evangelizadora de um fiel que se deixa conduzir por ela e um fiel que não permite a sua ação. Aquele que evangeliza exercendo os dons carismáticos. incrementa as suas possibilidades humanas. A investidura carismática em comunidade da Igreja, em todo o mundo, tem gerado e sustentado grande número de evangelistas dedicados e eficientes ( Avivar a chama, pág. 16), com novo vigor, com nova capacitação, nova alegria, novo júbilo, nova exaltação, novo louvor, levando em si o poder transformador do Espírito (I Cor 2, 1-5) que toca jovens, crianças, adultos, idosos de todo tipo de formação, de variadas culturas e nacionalidades. Por outro lado, o evangelizador que não tem uma vida plena no Espírito, desenvolve muitas vezes um apostolado frio, racional, sem motivação, sem ânimo. Constatamos que na experiência de uma vida mais plena no Espírito concretiza-se o que a Constituição dogmática Lumen Gentium, relata sobre os carismas: "Não é apenas através dos sacramentos e dos ministérios que o Espírito Santo santifica e conduz o povo de Deus e o arma de virtudes, mas, repartindo seus dons, "a cada um conforme lhe apraz"(I Cor 12,11), distribui entre os fiéis de qualquer classe mesmo graças especiais. Por elas os torna "aptos e prontos" a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja". (LG, 12).
Com isso, não queremos restringir a ação do Espírito Santo, ao contrário, reconhecemos que Ele age tanto no cristão que usa os carismas, na sua vida normal, e na sua evangelização, como também age no cristão que não recebeu nenhum carisma ou desconhece a sua existência. O que constatamos na prática apostólica é que, quando evangelizamos acompanhados dos carismas, colhemos frutos com muito mais abundância.
Hilário di Poitiers (315-367), doutor da Igreja, nos fala que "os carismas, utilizados de modo apropriado, produzem muitos frutos, pois estes dons penetram-nos como chuva suave, e pouco a pouco, produzem frutos abundantes (Tratado sobre os Salmos 64, 15). Este Padre da Igreja está convencido que os carismas fazem diferença, são eficazes na evangelização. Cirilo de Jerusalém, também doutor da Igreja (315-337) tem a opinião que a Igreja de Jerusalém, como todas as outras, situa-se em uma sucessão carismática, uma história do Espírito iniciada com Moisés. Ele diz: "O Espírito é uma nova espécie de água", (Palestras Catequéticas 16, 11). E afirma ainda: "Grande, onipotente e admirável é o Espírito Santo nos carismas". (Palestra Catequética 16, 22). "Eremitas virgens e todos os leigos têm carismas" (P. C. 16, 20).
Cirilo afirma que em Pentecostes os apóstolos "ficaram completamente batizados"(PC 17, 145) "batizados sem faltar nada" (PC 17, 15) "batizados em toda plenitude" (PC 17, 18).
OS CARISMAS SÃO PARA TODOS
A manifestação poderosa do Espírito Santo através dos carismas não acontece somente a pessoas muito "ungidas, especiais, santas, subliminadas e místicas". Isto não é verdadeiro. Se fosse assim, cairíamos no absurdo de dizer que o Espírito Santo só é dado a estas pessoas. Como é o próprio Espírito de Deus que nos faz santos pela vivência dos dons infusos, ou dons de santificação e dos frutos do Espírito, crescendo na virtude e colaborando com sua ação poderosa em nós, essa afirmação seria realmente absurda. Todo batizado é chamado à santidade e ao serviço aos irmãos. Para cumprirmos este chamado de Deus, precisamos dos dons infusos e dos carismas do Espírito que habita em nós, para nos fazer viver conforme a vontade de Deus. Deus nos dá de graça. A nós, cabe colaborar com a graça que Deus nos oferece (Enchei-vos). Deus dá com generosidade os seus dons espirituais assim como todas as suas graças. O Espírito Santo é derramado sobre todo aquele que crer, temer a Deus e buscar ser santo. Os dons do Espírito Santo não são reservados aos perfeitos. Neste tempo privilegiado onde os leigos oram cada vez mais seriamente e cada dia conhecem melhor a Palavra de Deus e buscam vivê-la, temos comprovado que a mística, longe de estar restrita aos mosteiros e conventos, é uma realidade palpável na vida das pessoas simples e com atividades corriqueiras, sem nada de "especial" a não ser o grande amor que tem a Deus.
Porém, faz-se necessário uma união profunda com Cristo (Jo 15, 4s, uma comunhão autêntica, crescer e frutificar mediante uma vida de oração verdadeira, uma vida sacramental intensa e freqüente, uma vida de união com Maria, através do terço; mediante escuta e meditação da Palavra de Deus, a abnegação de si mesmo, o ativo serviço fraterno e o exercício de todas as virtudes.
OS CARISMAS DEVEM ESTAR FUNDAMENTADOS NA CARIDADE.
Nós não podemos separar os carismas do amor, não podemos viver uma vida carismática sem trilharmos o "caminho mais excelente de todos" que é a caridade, o exercício concreto do amor como caminho de santificação e vivência do Evangelho.
São Paulo nos manda "aspirar" aos dons espirituais, mas igualmente "empenhar-nos na busca da caridade" (I Cor 14, 1), isto é, colaborar vivencialmente, concretamente, com a ação do Espírito Santo. A caridade é um "dom por excelência", que dá sentido não só aos outros dons espirituais, mas a toda ação humana, por mais despojada que esta seja. Tudo o que eu fizer ou receber como carismas, "se não fundamentados na caridade, não tem valor" (I Cor 13).
Toda a nossa vivência de apostolado, nasce da caridade. todas as nossas obras apostólicas só terão valor eterno se forem feitas por amor a Deus e na procura da glória divina acima de tudo. Este amor a Deus, inflamado incessantemente pelo Paráclito, leva-nos a com Ele, por Ele e nEle todos os homens, criaturas do seu amor, participando assim das solicitudes e iniciativas divinas pela salvação dos homens. É esta a vontade do Pai: que nos dediquemos inteiramente à Sua glória e ao serviço do próximo (LG. 40). O exercício e desenvolvimento de uma caridade cada vez mais plena e fervorosa é a alma do apostolado.
Assim nos ensina S. João da Cruz: "uma só obra feita com amor intenso é mais eficaz na Igreja, maior fruto obtém do que muitas outras feitas com menor fervor ou tibiamente" (Cântico Espiritual 28, 3).
A vivência concreta de tudo fazer no amor a Deus e ao próximo, não significa que os carismas não são necessários. O que São Paulo quer nos dizer é que os carismas exercidos sem amor não servem de nada. Não basta o amor para edificar a Igreja de Deus, necessita-se também das ferramentas que se usarão com amor. (Los Carismas-Cap I, 9-Pe.Philippe, O.S.B.).
OS CARISMAS DEVEM SER PEDIDOS, MAS PEDIDOS COM FÉ:
Quando compreendemos porque foi necessário Jesus "enviar o Prometido de seu Pai, para que os apóstolos começassem a cumprir a sua missão de pregar a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações" e de serem "testemunhas" vivas de tudo isso, encontraremos motivos de sobra para com muita fé pedir ao Pai estes dons, este revestimento da "força do alto" a fim de cumprirmos fiel e diligentemente o que exige o nosso batismo. Só aqueles que reconhecem o valor dos dons na sua vida cristã e no serviço aos irmãos são impulsionados a pedi-los ao Pai como Jesus mesmo nos ensinou: "Pedi, e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura acha; e ao que bater, se lhe abrirá"(Lc 11, 9-10).
É necessário pedirmos ao Pai que ele nos revista da "força do alto" em sinal da nossa adesão a Ele, em sinal do nosso "sim". É necessário dizer ao Pai, como Jesus e Maria, que aceitamos a missão que Ele nos dá no nosso Batismo, que esquecemos de nós mesmo, da nossa acomodação, dos nossos medos, da nossa incapacidade e olhemos só para Ele, olhemos só para a instauração do seu reino e a salvação das almas. Nesta oração ao Pai, chamamos Seu Espírito Santo e com ele os seus dons, nos abandonamos inteiramente nas Suas mãos, comprometemo-nos inteiramente com Ele na salvação das almas, reconhecendo todo o nosso nada, mas confiando plena e unicamente no seu poder. Sem Ele não poderemos nos afastar da nossa vida medíocre e fechada em nós mesmos.
É necessário pedir ao Pai os carismas, mas pedir com fé, para usá-los também na fé. A fé "move" a manifestação do poder de Deus através de seu Espírito Santo. Na palavra de Deus temos várias narrações que relatam a fé como canal de cura, libertação, ressurreição dos mortos, como dispositivo fundamental para a manifestação do poder de Deus (Mc 5, 25-34; Mt 8, 5-13; Mt 9, 27-29; Mt 14, 21-28).
OS CARISMAS DEVEM SER EXERCIDOS NA HUMILDADE, HARMONIA E ORDEM:
A multiplicação e a abundância com que o Espírito Santo está derramando os carismas nos mostra que são muito importantes para o crescimento da Igreja (Mons. Uribe Jaramillo), portanto não podemos exercê-los irresponsável e indiferentemente, com desprezo, de forma inconseqüente, olhando os nossos próprios interesses, ou dando aos carismas relevo tão singular e único como se fossem bens totais e absolutos sobre os quais não há nada mais excelente e primeiro. A estima aos carismas não pode nos cegar nem arrastar-nos a dar-lhes o lugar que somente corresponde a Jesus e ao Seu Espírito, doador dos carismas, o que nos levaria a cometer exageros e ferir a sua autenticidade. Precisamos ter sempre diante dos olhos a finalidade dos carismas que é a colaboração com Cristo na restauração da obra perfeita de Deus na criação. Se é importante para a Igreja o derramamento dos dons, na mesma medida é importante o bom uso dos carismas.
A humildade e a obediência, como já escrevemos anteriormente, são virtudes fundamentais para uma vida plena no Espírito Santo. Sem a verdadeira humildade, nenhum cristão pode edificar uma santidade sólida e duradoura. Ela é a base sobre a qual se edifica toda a vida cristã que aspira sinceramente a união íntima com Deus (Como usar los carismas - Benigno Juanes - pág. 37). Todos aqueles que são discípulos de Jesus, devem percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, e Jesus é o mestre da humildade. "Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. Por isso Deus O exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes" (Fil 2, 5-11).
Exercer os carismas na humildade é exercê-los sem exibicionismo, sem buscar prestígio, honra, poder. É se fazer humilde como criança, que reconhece sua pequenez.
É também exercê-lo sem auto-suficiência (Mt 18, 3-4) nem individualismo, sabendo que necessitamos da ajuda dos irmãos para confirmar ou discernir a vontade de Deus para o seu povo, reconhecendo que a comunidade é termômetro valioso para comprovar a voz de Deus. É ainda não ter escrúpulos de exercer os carismas, não ter medo de exercê-los, conscientes de que são dons de Deus, que sua manifestação depende única e exclusivamente de Deus, e que somos simples canais de Sua graça.
OS CARISMAS DEVEM SER EXERCIDOS NA OBEDIÊNCIA A CRISTO E ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS:
Outra virtude essencial para a vida cristã e para o exercício dos carismas é a obediência. Devemos vivenciá-la também a exemplo de Cristo "que não veio ao mundo para fazer sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou" (Jo 5, 30b).
A obediência sincera mostra que buscamos a vontade de Deus e desejamos nos deixar conduzir pelo seu Espírito, pois não queremos dirigir por nós mesmos a nossa vida particular, nem muito menos o povo de Deus. Reconhecemos pela obediência, a exemplo de Cristo, que a nossa vontade é vã, comparada com a vontade suprema de Deus. Reconhecemos que a nossa capacidade e experiência humana, por mais ricas que sejam, não se equiparam jamais à riqueza da vontade de Deus. Desconfiamos sempre de obedecer à nossa voz e ao nosso direcionamento por mais bom senso que expressem, porque sentimo-nos infinita e unicamente seguros somente na mão de Deus. Por mais que sua vontade se divorcie da nossa, é a vontade de Deus que deve sempre prevalecer.
A obediência nos leva a um caminho constante de purificação da busca de nós mesmos e nos abre fortemente à ação do Espírito Santo, segundo os seus desígnios. A obediência verdadeira nos leva a uma submissão profunda a Deus através da Sua Igreja e nos torna canais aptos para ser usados poderosamente para o Senhor. "Se obedecerdes os mandamentos que hoje vos prescrevo, se amardes o Senhor, servindo-o de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, derramarei sobre a vossa terra a chuva em seu tempo, a chuva do outono e da primavera e recolherás o trigo, o teu vinho e o teu óleo; darei erva aos teus campos para os teus animais, e te alimentarás até ficares saciado" (Deut. 11, 13-15).
Devemos exercer a obediência responsável, que implica liberdade saudável de expor sinceramente o seu ponto de vista sempre à luz do Senhor, e de estar disposto a acolher o discernimento final das pessoas responsáveis ou as autoridades constituídas pois "a sabedoria que vem de cima, é primeiramente, pura, depois pacífica, condescendente, conciliada, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz" (Tg 3, 17-18).
Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica n. 1269: "Feito membro da Igreja, o batizado já não se pertence a si mesmo ( I Cor 6, 19), mas a Cristo que morreu e ressuscitou por nós ( II Cor 5, 15). Portanto, está chamado a submeter-se aos demais (Ef. 5, 21; I Cor 16, 15-16), a servi-los (Jo 13, 12-15) na comunhão da Igreja, e a ser "obediente e dócil" aos pastores da Igreja (Hb 13, 17) e considerá-los com respeito e afeto (I Ts 5, 12-13). Pelo batismo nos submetemos ao Senhorio de Jesus Cristo, portanto toda a nossa vida cristã possa ser vivida na obediência a Jesus Cristo e às autoridades constituídas por Ele.
Usar os carismas na humildade e obediência, harmonia e ordem, longe está de desencorajar ou impedir os esforços necessários para a abertura confiante e plena à ação do Espírito Santo e à manifestação dos carismas, como o próprio São Paulo nos exorta: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para a edificação da Igreja (I Cor 14, 12).
Resumindo de maneira superficial tudo o que vimos sobre os carismas, podemos dizer que os dons carismáticos são dons gratuitos de Deus, que não dependem dos nossos esforços e méritos pessoais e que são dados a todos os batizados, pelo poder do Espírito Santo, para a edificação do Corpo Místico de Cristo.
Sabemos que o Espírito "sopra onde quer" e "como quer", e que jamais poderemos limitar sua ação. Somos plenamente conscientes que Ele pode ultrapassar os dons relacionados na própria palavra de Deus, pois Ele é uma fonte inesgotável de graças. Ele está sempre atento às necessidades de seu povo, para supri-las da forma mais plena, com intenção de aproximar cada vez mais o homem do seu Criador. No entanto, iremos restringir nossos estudos sobre os dons àqueles que São Paulo relaciona em sua primeira carta aos Coríntios: "Há diversidades de dons, mas um só é o Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A CADA UM É DADA A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA PROVEITO COMUM. A UM É DADO PELO ESPÍRITO UMA PALAVRA DE SABEDORIA, A OUTRO, UMA PALAVRA DE CIÊNCIA, POR ESSE MESMO ESPÍRITO; A OUTRO A FÉ, PELO MESMO ESPÍRITO; A OUTRO, A GRAÇA DE CURAR AS DOENÇAS, NO MESMO ESPÍRITO; A OUTRO, O DOM DE MILAGRES; A OUTRO, A PROFECIA; A OUTRO, O DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS; A OUTRO, POR FIM, A INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS. MAS UM E O MESMO ESPÍRITO DISTRIBUI TODOS ESTES DONS, REPARTINDO A CADA UM COMO LHE APRAZ (I COR 12, 4-11).
Bibliografia:
- Bíblia Ave-Maria
- Estudos Bíblicos Enchei-vos - Comunidade Católica Shalom.
- Carismas - Coleção Paulo Apóstolo
- O despertar dos Carismas.
- Catecismo da Igreja Católica
- Christisfidelis Laice
- Como usar los carismas - Benigno Juanes
- Lumen Gentium.
Comunidade Católica Shalom
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Pílula do dia seguinte
Lúcia de Fátima Studart Menezes
“Ninguém pode ter a Deus por Pai que não tenha a Igreja por mãe” (São Cipriano). Como uma mãe dedicada, a Igreja nos orienta, alimenta e forma.
Transmitir a vida é um dos dons que Deus deu ao homem. Porém, se faz necessário programar essa mesma transmissão, de maneira responsável e consciente. Esse tem sido um desafio aos casais que, muitas vezes por ignorância, adotam métodos que são causadores de incompreensões, falta de diálogo e ainda trazem conseqüências terríveis à saúde.
A Igreja, sempre atenta às dificuldades dos seus fiéis, pronunciou-se a esse respeito em 1968, através da encíclica: “Humanae Vitae”. Nela, o Papa Paulo VI apresenta um ensino coerente, tanto acerca da natureza do matrimônio, quanto sobre o reto uso dos direitos conjugais e dos deveres dos cônjuges.
Considera a paternidade responsável sob diversos aspectos: em relação aos processos biológicos, ela significa conhecimento e respeito pelas suas funções. Em relação às tendências do instinto e das paixões, significa o necessário domínio que a razão e a vontade devem exercer sobre elas. Em relação às condições físicas, econômicas, psicológicas e sociais, a paternidade responsável se exerce tanto com a deliberação ponderada e generosa, como com a decisão tomada por motivos graves e com respeito pela lei moral, de evitar temporariamente, ou mesmo por tempo indeterminado, um novo nascimento.
Em vista a todos esses conceitos e definições, podemos concluir que a única via legítima para a regulação dos nascimentos são os métodos naturais, pois apenas eles conduzem o casal à verdadeira paternidade responsável.
O relacionamento conjugal é fruto do amor e tudo o que é amor toca diretamente o coração de Jesus e, portanto, interessa à Igreja, enquanto esposa de Cristo. A Igreja intervém, então, como guardiã do amor. Quando ela recomenda a seus fiéis que não utilizem a pílula ou qualquer instrumento que interrompa a concepção, mostra isso como contrário à ordem da sabedoria de Deus.
Infelizmente, ao ouvirmos sobre os métodos naturais de planejamento familiar, logo nos vem uma rejeição, fruto da desinformação e de comentários infiéis. Na verdade, não podemos falar sobre o que não conhecemos e, por desconhecimento, somos alvo fácil da propaganda enganosa a respeito dos métodos naturais.
O trio contracepção-esterilização-aborto é uma indústria multinacional, multimilionária, ao passo que o planejamento familiar natural é gratuito. Todos os casais têm o direito de, pelo menos, conhecer os métodos para fazerem livremente sua escolha.
Muitos são os métodos anticoncepcionais. Os métodos artificiais de contracepção mais conhecidos e utilizados são: de barreira (camisinha masculina e feminina e diafragma), hormonais (pílula oral, injeção de dose mensal ou trimestral, implantes, adesivos, pílula vaginal) químicos (DIU, pomadas e geléias espermicidas) e os cirúrgicos que na verdade não são métodos contraceptivos e sim esterilizantes. Os métodos comportamentais naturais (tabela, temperatura, sintotérmico, coito interrompido e método de ovulação Billings).
MÉTODOS ARTIFICIAIS
A camisa-de-vênus – “camisinha”
Usada segundo as indicações e sendo de alta qualidade, tem aproximadamente 97% de eficácia. Porém, pela falha no uso, reduz a eficácia para cerca de 80%. O uso da “camisinha” pode inibir a espontaneidade e provocar perda de ereção, resultando em frustração. Ela ainda pode causar irritação na vagina, além de diminuir a sensação, por não ter com o pênis o contato direto.
A pílula
Produz três resultados: 1) Tende a suprimir a ovulação, ou seja, esteriliza. Acarreta, portanto, muito mais que um efeito de caráter ginecológico. 2) Causa danos ao colo do útero, impedindo a produção da secreção que nutre os espermatozóides. 3) Perturba o processo de preparação do útero, cada mês, para que possa receber o embrião, ou seja, uma nova vida. Além disso, pode a pílula, não tendo impedido a ovulação e a concepção, alterar o tempo de chegada do embrião ao útero, fazendo com que seja rejeitado. Resumindo, a pílula é abortiva. A pílula do dia seguinte, como é conhecida a contracepção de emergência, tem sido utilizada em larga escala para quem quer prevenir uma gravidez indesejada, estando disponível até mesmo na rede pública de saúde. Porém a classe médica alerta: esta pílula não deve ser usada como método anticoncepcional. O Dr. José Eleutério Júnior em recente entrevista a um jornal local, explicou que as altas doses de hormônios presentes na pílula do dia seguinte, que tornam as paredes do útero impróprias para a implantação do óvulo, levando a sua eliminação pelo organismo.
DIU (Dispositivo Intra-Uterino)
Impede o desenvolvimento de uma nova vida, pois causa uma reação inflamatória do endométrio de tal forma que o ovo não pode se implantar.
Alguns tipos de DIU levam o risco de perfuração do útero ou da cérvix. Estatísticas apontam que essa perfuração atinge cerca de uma mulher em cada 300 (Escudo Dalkon) e uma em cada 3000 (Cobre T).
A incidência de gravidez, expulsão e remoção devida aos efeitos colaterais é alta no primeiro ano de uso, depois diminui. O DIU tem uma eficácia de 94 a 99%. Se uma gravidez ocorre com o DIU colocado, a possibilidade de aborto espontâneo é de 30 a 50%. Usuárias de um DIU estão aptas a sofrer um aumento de fortes períodos menstruais, especialmente nos primeiros meses de uso.
Enquanto mais e mais mulheres estão preferindo esse método, em razão da insatisfação com a pílula, o DIU não parece resolver o problema delas. Além da possibilidade de cãibras dolorosas, desordens menstruais e infecção interna, algumas mulheres exprimem sentimentos de indignação pela idéia de ter de tolerar por anos e anos aparelhos de metal ou plástico dentro de seus órgãos reprodutores.
MÉTODOS DE CONTROLE RADICAL DA CONCEPÇÃO
Esses métodos são na verdade uma mutilação, pois se extrai um órgão sadio.
Ligadura de trompas
É o nome genérico para a esterilização feminina: ligação ou extirpação das trompas, de modo a impedir que o óvulo possa encontrar-se com os espermatozóides.Conseqüências observadas após a ligadura de trompas: problemas psicológicos, frigidez, ansiedade, depressão, alteração das funções motoras e das sensações, mudança da atividade sexual, aumento do fluxo menstrual, cólicas mais intensas, obesidade.
Vasectomia
É a esterilização masculina. Método contraceptivo radical que através de uma pequena cirurgia na região escrotal, secciona os canais que conduzem os espermatozóides dos testículos para a vesícula seminal, provocando assim a esterilização permanente no homem. Sua eficácia é altíssima, Conseqüências observadas após a vasectomia: traumas conscientes ou inconscientes, favorecimento da impotência sexual psicológica, problemas circulatórios e outros.
MÉTODOS NATURAIS
Ogino-Knaus (Tabela)
Baseia-se no fato de que a ovulação usualmente ocorre dez a dezesseis dias antes da próxima menstruação. Quando ciclos são regulares, o método funciona bem. Porém, tão logo ocorra qualquer irregularidade, o método falha.
Temperatura
Consiste na tomada da temperatura, pela manhã, diariamente. Sua eficácia é comprovada, porém, apresenta algumas dificuldades como: abstinência nos períodos anovulatórios, lactação e pré-menopausa, além da dificuldade do reconhecimento da fase fértil nos estados febris, como gripes e infecções.
Sintotérmico
Combina vários elementos do método da temperatura e da ovulação. O problema principal com a combinação é que, se os diferentes sinais de ovulação estão em discordância, há uma tendência para confusão, ansiedade e abstinência. Assim, o controle da fertilidade se torna muito mais complexo do que deve.
Coito interrompido
Consiste na retirada do pênis no momento da ejaculação. Embora seja um método natural, não é aceito pela Igreja, porque interrompe a relação de forma egoísta e muitas vezes levando à esposa uma frustração por não ver completada a relação e, o que é mais grave, levando muitas vezes o homem a ter ejaculação precoce. É um método falho, pois mesmo antes da ejaculação pode haver liberação de espermatozóides, o que poderia ocasionar a fecundação indesejada.
Ovulação Billings
Foi criado pelo Dr. John Billings, que começou sua pesquisa em 1953. Ele veio superar as dificuldades e os pontos fracos dos métodos anteriores. Baseia-se na percepção da própria mulher a respeito do muco produzido pela cérvix (colo uterino). Aplica-se a todas as fases da vida reprodutiva, ciclos regulares, ciclos irregulares e anovulatórios, amamentação, pré-menopausa e depois de deixar o uso da pílula.
É apontado como o método ideal, por ser gratuito, seguro, não causar danos à saúde e favorecer ao casal diálogo e amor.
Faz-se necessário analisarmos ainda o ato conjugal sob dois aspectos inseparáveis: união e procriação. Todo ato deve levar o casal à unidade e deve também estar aberto à vida.
Muito se fala que a Igreja ensina que todo ato conjugal deve resultar numa gravidez, o que é uma inverdade, pois Deus dispôs com sabedoria leis e ritmos naturais de fecundidade, que já por si mesmos distanciam o suceder-se dos nascimentos. O que a Igreja orienta é que se observe as normas da lei natural.
Bibliografia:
- Paulo VI, Papa. Humanae Vitae. 6ª ed. São Paulo: Paulinas, 1992.
- Billings , Evelyn e Westmore, Ann. O método Billings . São Paulo: Paulinas, 1983.
- Billings, John. O dom da vida e do amor. São Paulo: Loyola, 1995.
- Philippe, Marie-Dominique. No coração do amor. São Paulo: Paulinas, 1997.
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