Discurso do Papa aos Bispos do Nordeste 3 da CNBB, em 29/9/95, no Vaticano, em visita “ad limina”:
“Primeiramente, convém perguntar´se acerca da conveniência de dar ao culto litúrgico uma feição afro´brasileira, como tenho constatado em algumas circunstâncias, onde o elemento negro é bastante acentuado. Todos sabemos que a interação dos costumes e tradições dos brancos, com a maneira de ser dos escravos negros vindos da África, trouxe ao vocabulário, à sintaxe e à prosódia da lingua portuguesa falada no Brasil uma feição própria... Salta, porém, à vista de que se estaria distanciando da finalidade específica da evangelização, acentuar um destes elementos formadores da cultura brasileira, isolá´lo deste processo interativo tão enriquecedor, de modo quase a se tornar necessária a criação de uma nova liturgia própria para as pessoas de raça negra. Mais ainda, quando se pretende dar a um tal rito litúrgico uma apresentação externa e uma estruturação ´ tanto nas vestes como na linguagem, no canto, nas cerimônias e os objetos litúrgicos ´ que acabam por assumir elementos provindos do assim chamados cultos afro´brasileiros, sem a rigorosa aplicação de um discernimento sério e profundo acerca de sua compatibilidade com a Verdade revelada por Jesus Cristo.